Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

A cidade leiloada

Prefeitura quer passar à iniciativa privada trechos nobres da zona sul carioca

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Quem dá mais? O ilustre cavalheiro da fileira à direita? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. Vendido! É o que propõe o prefeito: leiloar o Rio.

No primeiro lote, duas ofertas tentadoras na zona sul, em frente à orla da praia, região de metro quadrado mais caro da cidade. Sem dinheiro, a prefeitura admite sua incapacidade de cuidar minimamente do parque Garota de Ipanema e do Jardim de Alah, no início do Leblon. Quer cedê-los à iniciativa privada, que assumiria manutenção e vigilância e, em troca, poderia explorar atividades comerciais (a instalação de restaurantes, por exemplo) e realizar eventos nos dois patrimônios públicos. Ou seja, liberou geral o mafuá. 

O cenário no parque do Arpoador, de 28 mil metros quadrados, é uma tristeza só: moradores de rua deitados em colchonetes e à noite sofrendo com o vento frio do mar; montanhas de lixo na pista de skate; equipamentos de ginásticas quebrados; mato alto; iluminação inexistente; o monumento em homenagem a Millôr Fernandes, inaugurado há quatro anos, abandonado e destruído. 

Canal do Jardim de Alah, uma das fontes de poluição da praia do Leblon - Júlia Barbon - 18.dez.2018/Folhapress

No Jardim de Alah, que virou canteiro de obras para ampliação da Linha 4 do metrô e desde então nunca mais voltou a ser um jardim, a situação não é diferente. A prefeitura estuda até a possibilidade de transformá-lo num enorme estacionamento.

No intuito de ajudar o Crivella em sua confissão de incompetência, deixo aqui mais sugestões para futuros leilões: Jardim Botânico, aterro do Flamengo, Floresta da Tijuca, Quinta da Boa Vista, Campo de Santana, praça Paris, Passeio Público, parque de Madureira e, não por último, os calçadões de passeio entre Botafogo e a praia da Macumba. Levantamento do jornal O Globo contabilizou, nos 24,09 quilômetros de orla com mosaicos de pedras portuguesas, quase 700 buracos —e abrindo novos a cada dia.

O prefeito poderia cair dentro de um buraco desses e só aparecer numa ilha deserta do Pacífico.

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