Para tirar o bode da sala, Crivella anda inaugurando até sinal de trânsito. De repente, a cidade está em campanha eleitoral, com todo tipo de propaganda, mesmo que por lei ela só seja permitida após o dia 15 de agosto do ano que vem.
O prefeito resolveu percorrer os grotões, acompanhando as atividades de um programa de curadoria cujo objetivo é atender as reivindicações dos moradores, sobretudo os da zona oeste, região mais populosa e desassistida. O que se vê é o que nunca havia sido feito antes: serviços de drenagem, iluminação pública, remoção de lixo e entulho, limpeza de ralos, raspagem de postes, reboque de carcaça de carros abandonados. Pura maquiagem. Outro programa, o PavimentaRio, promete recapear 150 quilômetros de ruas, ao custo de R$ 100 milhões. Haja campo minado com buracos, crateras, ondulações e remendos.
Crivella sempre deu a impressão de detestar o Rio, de não se sentir à vontade no cargo e mesmo de odiar ser o prefeito da cidade. No entanto, pressionado por sabe-se lá que forças, se mostra obcecado pela reeleição. Sua última cartada é a “bolsonarização”, ao reforçar o lado conservador diante do eleitorado, do qual tinha tentado abrir mão para conquistar o mandato pela primeira vez.
O desejo de seu partido, o Republicanos, é ter como vice um nome indicado por Bolsonaro. De preferência, o deputado federal Hélio Lopes, que parece funcionar melhor como papagaio de pirata do presidente. Se o arranjo acontecer, ao menos vamos descobrir se Hélio Lopes consegue falar.
Até agora, o ato mais eleitoreiro de Crivella foi mandar derrubar a praça de pedágio e os contratos de concessão da Linha Amarela. Agiu na base da porrada (destruição de cancelas, descaracterização de cabines, desligamento de energia, inutilização de câmeras), passando por cima da Justiça. Nada mais normal, nada mais Bolsonaro.
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