Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Pobre de confete

Com Crivella, Rio não sabe mais organizar o Carnaval

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Com pompa, circunstância e muito marketing, a prefeitura anunciou no início de janeiro um Carnaval de 50 dias, o dobro do calendário de 2019. A ideia era aproveitar a estrutura montada para o Réveillon e convencer turistas a ficar na cidade por mais tempo, aumentando de 1,7 milhão para 1,9 milhão o número de visitantes. Dessa maneira, tentava-se impedir a expansão da festa em outras capitais, como São Paulo e Belo Horizonte, que, mesmo longe da praia, estão deixando o Rio pobre de confete, serpentina e purpurina. 

Era só olhar para a cara de entusiasmo de Marcello Crivella, ao anunciar a novidade, para perceber que não iria dar certo. Mas nem os mais pessimistas poderiam prever que o negócio não duraria nem uma hora, tempo que levou para o show da Banda Favorita, na abertura do Carnaval oficial, fosse interrompido.
Uma confusão só nas areias de Copacabana, que recebiam mais de 300 mil pessoas. Correria, furto de celulares e carteiras, bombas de gás lacrimogêneo, pedras e garrafas atiradas por ambulantes —imagine a quantidade deles numa cidade que tem a maior taxa de desemprego do Brasil— contra policiais e guardas municipais. No dia seguinte podiam ser vistas as manchas de sangue no famoso calçadão.

A cada ano surgem mais blocos de famosos, que são a antítese da espontaneidade dos blocos de bairros. Estes reúnem amigos com o intuito de se divertir, enquanto aqueles se regem pela lógica do lucro. Por que Crivella, da noite para o dia, passou a incentivar a festa? Porque este ano tem eleição e sopraram-lhe ao ouvido —e enfim ele ouviu— que o Carnaval poderá movimentar a economia do Rio em mais de R$ 4 bilhões.

Até quem não gosta da folia sabe que os transtornos dos desfiles têm menos a ver com os blocos tradicionais, alguns com mais de 50 anos de farra e experiência, do que com a falta de estrutura do setor público. Ao prefeito, falta intimidade.

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