Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

A pegadinha do Crivella

Prefeito engana vereadores para liberar a edificação em área tombada no Centro do Rio

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Os vereadores se dizem enganados, coitados. Ao aprovar a Lei dos Puxadinhos, enviada à Câmara Municipal em regime de urgência pela prefeitura, eles possibilitaram o surgimento de novos monstrengos arquitetônicos no Centro do Rio, entre a avenida Rio Branco e a praça 15, área que abrange o protegido Corredor Cultural.

Para decidir sobre mudanças nas regras urbanísticas, foi realizada uma sessão online. Talvez por estarem relaxados no aconchego de suas casas ou com vontade de ir ao banheiro na hora do voto, os vereadores não perceberam o jabuti. O termo, no jargão legislativo, é usado quando artigos de uma lei são aprovados sem relação com o tema principal em debate.

Além de virtual, era um jabuti ágil, a serviço da especulação imobiliária. A emenda tratava da instalação de lojas no subsolo, mas na prática foi revogado um decreto de 1989 que proibia construções de qualquer tipo na praça Mario Lago, conhecida como Buraco do Lume —que agora poderá receber edificações comerciais ou residenciais. Desde 2019 a prefeitura tentava sem sucesso derrubar o decreto.

Responsável pela pegadinha, Crivella se mostrou um aluno aplicado da lição traiçoeira que o governo Bolsonaro espalhou pelo país —aproveitar a oportunidade da pandemia de coronavírus e passar a boiada do desregramento. Se bem que, em tais artes, o prefeito é professor.

São quase quatro anos no cargo —​e o incrível é como a cidade ainda resiste. Ao sair às ruas após o isolamento social, o carioca encontrou um cenário de terra arrasada: praças e parques com mobiliários quebrados, calçadas intransitáveis, árvores doentes, sem poda e com risco de cair, vias esburacadas, lixo por toda parte, o transporte público (metrô, trens, ônibus, BRTs, VLTs) em colapso. Em substituição ao comércio formal que não voltou a abrir as portas, um enxame de camelôs. Ainda resiste, mas até quando?

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