Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

O outro nome de Luiz Melodia é elegância

Biografia recém-lançada mostra que o cantor e compositor também era um grande artista na hora de se vestir

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Numa de suas temporadas de farra na Bahia, Luiz Melodia resolveu sair no Ilê Aiyê, bloco afro mais antigo de Salvador. Jane Reis, sua mulher, conta que, depois do desfile, com a turma moída de cansaço, Luiz se mostrava impecável. “Todo mudo caiu na risada”, lembra ela. “Estávamos desarrumados, as fantasias em frangalhos. Menos ele, que continuava muito bem vestido”. Como sempre, aliás.

São inúmeras as referências à elegância de Melodia na biografia recém-lançada “Meu Nome é Ébano”, do jornalista Toninho Vaz. Ainda garoto, nas primeiras apresentações em bailes de favela, com o conjunto Os Instantâneos, e já ensaiando a mistura de samba e blues que cristalizaria no disco de estreia, “Pérola Negra” (1973), ele usava uma blusão cor-de-rosa com gola alta. Mais prafrentex, impossível.

Para compor seu guarda-roupa, não só o dos palcos, encomendava camisas de seda sob medida à Casa Alberto. Desfilava com óculos de osso de tartaruga, sapatos bicolores, chapéus e bonés cheios de estilo. O autor do livro destaca que a consultora de moda Glorinha Kalil elegeu Luiz Melodia um dos cinco homens mais elegantes do Brasil.

O que me espanta é o espanto com coisa tão natural. Ataulfo Alves também foi eleito um dos dez mais elegantes, por Ibrahim Sued. Melodia era cria do Estácio, bairro onde se formatou o samba como gênero urbano no fim dos anos 20 e cuja turma de jovens compositores sempre andava nos trinques. Quem nunca viu uma foto de Ismael Silva trajando impecável terno branco e camisa vermelha? Ou a gravata plastron que enfeitava o peito de João da Baiana? Você já teve o prazer visual de cruzar na rua com Paulinho da Viola? Profissional de corte e costura, Walter Alfaiate exibia o seguinte lema no cartão de visita: “O magnata supremo da elegância moderna”.

E garbo não falta a Zeca Pagodinho, com barriga de cerveja e tudo.

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