Crivella é um fingidor. Tão completo que finge acreditar no combate da prefeitura ao coronavírus. Até as eleições de novembro, continuará fingindo.
Onde é maior o risco de contaminação, ele nada faz. Desde o início da pandemia os ônibus circulam lotados, infectando quem não pode se dar ao luxo de permanecer em casa. A prefeitura calada. Para complicar a situação, quase 200 linhas sumiram, sem explicação. A prefeitura em silêncio. Quando resolve fazer alguma coisa, se complica. Apressou a volta às aulas nas escolas particulares, por pressão dos empresários e contra as recomendações científicas. As dúvidas e a angústia dos pais, que têm a última palavra, só aumentaram.
Nos seus 62 anos, Crivella não soma nem cinco minutos de areia quente na sola dos pés. Nunca teve nas mãos uma raquete de frescobol, não sabe o gosto do limão gelado ou do biscoito Globo. Jamais pegou onda na vida. No entanto, só tem olhos para as praias da zona sul. Depois de permitir que as pessoas ficassem na areia fazendo exercícios, mas sem autorização para cair na água, agora inventou cercadinhos de 10 metros quadrados, com seis ocupantes no máximo.
Os banhistas deverão usar um aplicativo de celular —essa panaceia hodierna— para reservar os espaços. Será criada a figura do cercadeiro, espécie de barraqueiro sem barraca, encarregado de entregar as fitas para demarcação e garantir que não haja aglomerações. Por trás da ideia dos quadradinhos de Copacabana, está uma empresa de tecnologia. Vai dar muuuuito certo.
Se não der, resta ao prefeito a solução drástica: convocar milicianos para tomar conta das praias. Nos shoppings, eles já agem, criminalizando jovens de pele negra. Um destes —não à toa um entregador de aplicativos— foi agredido porque usava um boné do Hulk. Os agressores eram PMs fazendo um bico na "inteligência" do shopping.
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