Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Mortos, assados e comidos

As aventuras de corsários e náufragos no Brasil do século 16

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Em 1577, um jovem marinheiro chamado Peter Carder partiu de Londres para dar a volta ao mundo na frota do corsário inglês Francis Drake. Devia haver em seu íntimo a mesma expectativa de Ismael, o narrador de "Moby Dick", de Melville: conhecer a parte aquosa do planeta, afastar a melancolia, regular a circulação do sangue e fazer do mar um substituto para as armas.

Mas Carder, coitado, acabou no Brasil, vivendo entre índios e guerreando ao lado deles: "Aqueles 20 prisioneiros que trouxemos de volta para casa foram mais tarde mortos, assados e comidos". A façanha foi relatada de viva voz à rainha Elizabeth 1ª, em audiência especial concedida em 1586 ao marujo náufrago.

Seu depoimento, em que factual e ficcional andam juntos, integra o livro recém-lançado "Ingleses no Brasil: Relatos de Viagem (1526-1608)".Traduzida e organizada pelas pesquisadoras Sheila Hue e Vivien Kogut Lessa de Sá, a obra reúne 12 narrativas. Quase todas têm um olhar maravilhado e ao mesmo tempo ganancioso para o país em formação.

"Ingleses do Brasil: Relatos de Viagem (1526-1608)", editora Chão
"Ingleses do Brasil: Relatos de Viagem (1526-1608)", da editora Chão - Alvaro Costa e Silva

O mais incrível é que cartas, diários de bordo, relatórios, testemunhos à Justiça, elaborados há quase 500 anos, possam não só informar como entreter os leitores de hoje. Não são "A Ilha do Tesouro", de Stevenson —insuperável nas reviravoltas, traições e golpes de sorte—, mas divertem como um romance de piratas.

Não à toa, o relato de nosso Peter Carder foi uma das inspirações de Defoe para escrever "Robinson Crusoé". Se os ficcionistas brasileiros se dedicassem mais ao gênero das histórias de aventura, encontrariam farto material no volume publicado pela editora Chão.

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Durante quatro anos Crivella pintou o Carnaval como coisa do diabo, para melhor tirar vantagens financeiras dele. No fim, o Carnaval levou Crivella a desfilar de camburão.

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