Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Amazônia: liquidação online

O país sucumbe à pandemia, e o esforço planejado para destruir o verde avança

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A Amazônia é nossa e vamos desenvolvê-la." É a resposta padrão de Bolsonaro quando pressionado sobre a devastação ambiental. O conceito não é novo, trata-se de estratégia desenvolvida no período do regime militar ——e o "nossa" da frase é a senha que esconde os interesses predatórios na região.

Sob o coturno dos generais, as transações eram realizadas com pompa e às claras. Em 1967, o presidente Castello Branco, em recepção no Palácio Laranjeiras, concedeu 3,5 milhões de hectares ao empresário americano Daniel Ludwig para dar início ao Projeto Jari na divisa do Pará com o Amapá. Enquanto durou e escondeu suas atividades ilegais, ali funcionou a maior companhia para extração de madeira e produção de celulose do mundo e a mais extensa propriedade do planeta pertencente a uma só pessoa.

Hoje o esquema ainda vale, mas para quem conhece os ágeis caminhos do comércio online. A revelação está no documentário "Amazônia à Venda", de João Fellet, repórter da BBC Brasil. Nele é mostrado que, no Facebook, existem dezenas de anúncios negociando pedaços da floresta ou áreas recém-desmatadas, por valores que chegam à casa dos milhões de reais. Há áreas disponíveis dentro de unidades de conservação e de terras indígenas, o que é proibido por lei.

Enquanto o país sucumbe à pandemia e Bolsonaro, com a queda de sua popularidade e o ressurgimento de Lula no horizonte político, continua com seu showzinho de auditório e volta a falar em impor uma ditadura, o esforço planejado para destruir o verde avança.

Na Câmara, a deputada Carla Zambelli, para quem as ONGs estavam por trás dos incêndios na Amazônia, será a presidente da Comissão de Meio Ambiente. Novo presidente da Comissão de Minas e Energia, o deputado Edio Lopes defende o projeto de lei que libera a mineração em terras indígenas. O ministro Ricardo Salles, blindado, agradece.

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