Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Republiqueta das mentiras

Só uma republiqueta permite que perfis falsos propaguem o golpe e inverdades que levam à morte

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De olho na reeleição, o presidente de uma republiqueta convoca um passeio de motos a favor do coronavírus pelas ruas da maior cidade do país. Em sua maioria, os motoristas vestem cores escuras, não usam máscara, cobrem a placa das máquinas e trazem bandeiras e cartazes pedindo intervenção militar e o fechamento do STF. Um deles cai espetacularmente e fratura a coluna. A força policial é convocada para garantir a segurança do candidato e a fluidez no trânsito. O cortejo fúnebre dura quatro horas, ao fim das quais os cofres públicos estão mais leves em R$ 1,2 milhão.

O melhor vem depois. Apoiadores do presidente correm às redes sociais, postam as fotos mais cheias e falam em 1,3 milhão de veículos no evento, e que esse número, que ultrapassa a frota de São Paulo, havia entrado no livro dos recordes. A informação é logo desmentida pelo Guinness World Records. Um ridículo total, mas eles não se importam.

Pelas contas da Polícia Militar, que usou imagens registradas em helicópteros e recursos de mapas e georreferenciamento, o ato teve a presença de 12 mil motos. No entanto, o sistema de monitoramento da rodovia Bandeirantes registrou só 6.661 passagens de veículos no pedágio do trecho bloqueado para a “motociata” (nome fantasia com que os manifestantes de capacete se referem ao desfile antidemocrático).

Se a mentira alcança tal proporção agora, imagine no ano que vem, com as eleições. Bolsonaro anda caprichando no discurso negacionista, ao dizer que as vacinas contra a Covid são experimentais e não têm eficácia; imunidade só para quem já contraiu o vírus. Uma falsidade e um crime, mas parece que é isso que algumas pessoas desejam ouvir.

Só uma republiqueta permite que perfis falsos —acessados dentro da Presidência, do Senado, da Câmara dos Deputados e da Câmara Municipal do Rio (nesta “não” trabalha um certo vereador)—propaguem o golpe e inverdades que levam à morte.

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