Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu enem

Aparelhamento do Enem incentiva desigualdade no país

Como deseja o ministro Guedes, filho de porteiro não tem vez

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A maneira pela qual o governo Bolsonaro trata o Enem é a confirmação de um desejo, uma tara, uma perversão, expostos em ações e declarações: aumentar ainda mais a desigualdade social no país. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é taxativo: filho de porteiro não pode entrar na universidade. E esta, segundo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, há de ser para poucos, destinada às elites, que podem pagar caro em instituições particulares.

No primeiro dia do exame, uma chacina no Salgueiro, em São Gonçalo, região mais pobre e populosa do Rio de Janeiro, deixou oito corpos jogados num mangue. Negócio corriqueiro. O governador Cláudio Castro se limitou a comentar: "Não estavam fazendo coisa boa no local". A operação policial, no entanto, impossibilitou que cerca de 500 jovens tentassem uma vaga no ensino superior. O bando que controla o sistema educacional deve ter entrado em regozijo. Quem mandou morar ali?

O Enem 2021 foi marcado por denúncias de assédio moral a funcionários do Inep, pressões para enquadrar ideologicamente a prova ("Aquilo mede algum conhecimento? É ativismo político", disse Bolsonaro) e um pedido coletivo de demissão dos cargos de chefia. Apesar da pandemia, que determinou o fechamento de escolas, o investimento para divulgação da prova foi reduzido à metade.

A falta de organização, ou o propósito destrutivo do governo, explica por que o número de inscritos foi um dos mais baixos da história: 3,1 milhões, o menor desde 2005. Em 2014, no primeiro mandato de Dilma, foram 8,7 milhões de candidatos.

O banco de dados do Enem está à míngua. Não se produzem novas questões há três anos. Desde fevereiro o ministro da Educação sabia da escassez, que pode comprometer o exame de 2022, mas não se importou. A incompetência e o descaso acabaram por impedir que o golpe de 64 fosse tratado como revolução, como exige Bolsonaro. Malandro demais se atrapalha.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.