Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva

Por debaixo da mesa, mão do bolsonarismo avança nas instituições

Os dois principais alvos são o Judiciário e a Polícia Federal

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Enquanto o presidente aluga um partido para concorrer à reeleição —qualquer saco de gatos serve—, a manopla do bolsonarismo não para de se mexer por debaixo da mesa, que é sua única maneira de fazer política. No Judiciário avança o aparelhamento, com a nomeação de 75 desembargadores para os seis Tribunais Regionais Federais e com a atuação cúmplice de Kassio Nunes Marques, ministro que representa 10% do chefe dentro do STF, nas palavras não desmentidas do próprio Bolsonaro.

À frente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Bia Kicis apresentou proposta para revogar a PEC da Bengala, que estabelece a aposentadoria compulsória de ministros dos tribunais superiores aos 75 anos. É uma jogada que abertamente favorece Bolsonaro, permitindo a troca imediata de dois ministros do STF, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Pela regra atual, eles só se aposentam em 2023.

A ministra Rosa Weber durante sessão no Supremo Tribunal Federal - Nelson Jr./SCO/STF

Outro alvo é a Polícia Federal, cujos agentes viraram bedéis da censura no Enem: Chico Buarque, Mafalda e Madonna estão no index prohibitorum. Apesar do inquérito a que responde desde abril de 2020 —sobre interferência na cúpula da PF para proteger parentes e aliados—, Bolsonaro continua agindo para moldar a instituição à sua vontade.

Mandou punir ou demitir 18 delegados, que investigavam do contrabando de madeira na Amazônia a crimes de peculato envolvendo políticos da base do governo. A mais recente vítima de retaliação foi a delegada Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, que chefiava a Diretoria de Cooperação Jurídica Internacional. Ela foi removida da função depois de ter formalizado a solicitação para que os Estados Unidos prendam e extraditem Allan dos Santos, acusado de participar de uma organização criminosa e com ordem de prisão determinada pelo STF.

À semelhança do que ocorre em parte das Forças Armadas, Bolsonaro quer uma PF para chamar de sua, proibindo-a de prender os seus.

A delegada Silvia Amelia, exonerada do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional
A delegada Silvia Amelia, exonerada do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional - Reprodução/TV Câmara

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.