Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Órgãos públicos estão sendo ripados

Intimidação miliciana, aparelhamento e corte de recursos são os métodos do governo

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A que ponto o Brasil sob Bolsonaro chegou: quem se esforça para salvar vidas corre o risco de morrer assassinado.

À frente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o contra-almirante da reserva e cirurgião vascular Antonio Barra Torres declarou ao jornal O Globo: "Por mais que a Polícia Federal investigue, por mais que seja montado um esquema de proteção, quem está nas pequenas cidades da fronteira ou nos aeroportos usando um colete da Anvisa é um alvo fácil".

O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, na CPI da Covid - Lucio Tavora/Xinhua

Depois de aprovar a vacinação contra Covid para crianças de 5 a 11 anos, a agência autônoma tem sido atacada pelo presidente e seus sequazes. Não se trata de caso isolado. Com métodos de intimidação miliciana, aparelhamento e cortes de recursos, os órgãos públicos estão na mira do bolsonarismo desde os primeiros movimentos do governo. O Iphan, por exemplo, deve ter cometido um crime de lesa-pátria ao interditar uma obra do empresário Luciano Hang —por isso foi "ripado".

A senha para a demolição foi anunciada por Bolsonaro no show de horrores, digo, na reunião ministerial de abril de 2020. "Vou interferir", ele esbravejou, referindo-se à Polícia Federal e a possíveis investigações envolvendo a si próprio, seus filhos e aliados.

Além das exonerações e mudanças de comando na PF, as irregularidades abarcam Coaf, Inmetro, ICMbio, Inpe, Ibama, Funai, Fundação Palmares, Arquivo Nacional e todos os órgãos ligados à educação e à cultura. Para completar o serviço, há suspeitíssimos hackers invadindo os sistemas da máquina estatal.

Após a debandada de mais de 600 auditores, a Receita Federal ameaça entrar em greve protestando contra os cortes no orçamento. É o tipo de impasse que não pode ser resolvido por policiais federais, cujo reajuste salarial no total de R$ 1,7 bilhão foi assegurado por Bolsonaro e aprovado pelo Congresso. A não ser que prendam todo mundo e sabotem até a arrecadação.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto dizia que o custo do reajuste para policias federais era de R$ 1,9 bilhão

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