Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu réveillon

Réveillon com Covid e influenza

Prefeito e governador não abrem mão do foguetório na praia

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Não sei se o Réveillon de Copacabana reúne o número de pessoas —2 milhões— divulgado pela prefeitura. O que posso afirmar é que, nas vezes em que me aventurei a molhar as canelas no mar, nunca vi tanta gente. Onde a muvuca é maior, você não consegue se mexer. Quanto mais abrir a garrafa de sidra para comemorar a chegada do ano novo. Surpreendentemente a multidão chega e vai embora de maneira pacífica e organizada.

Em outros tempos, a festa era pequena, quase secreta. Por iniciativa do líder religioso Tancredo da Silva Pinto, o Tata Tancredo, os umbandistas ocupavam praticamente sozinhos as areias para louvar Iemanjá com batuques e oferendas. Lembro um ponto de macumba depois utilizado num anúncio da cachaça Praianinha: "Vamos homenagear/ Iemanjá, a rainha do mar". De longe, a classe média observava. Os mais animados recebiam um passe de caboclo.

Imagem do Cristo Redentor na festa de Réveillon de 2020
Imagem do Cristo Redentor na festa de Réveillon de 2020 - Fernando Maia/Riotur/Divulgação

Quando a confraternização se transformou em evento mundial bancado pelo poder público e a rede hoteleira, o povo de santo foi expulso ou aderiu ao espetáculo como mais um componente do pacote turístico, ao lado da queima de fogos e dos gigantescos palcos para apresentações de artistas populares. Virou uma curiosidade que os velhos contavam e ninguém queria ouvir: sabe como tudo isso começou?

Apesar da pandemia com novas cepas do vírus e agora da epidemia de influenza na cidade, o show não pode parar. O prefeito Eduardo Paes havia cancelado o Réveillon, voltou atrás e, combinado com o governador Cláudio Castro, anunciou foguetório em Copacabana. É um convite à aglomeração. As autoridades estudam um jeito de restringir o transporte, quer dizer, mais pessoas agrupadas e provável caos na hora de chegar e sair.

Castro e Paes jogam a responsabilidade para seus comitês científicos, que ainda não trocaram figurinhas, mas terão a palavra final. Que a sombra do ministro Queiroga, o médico sabujo, não esconda a ciência.

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