Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

O laboratório da corrupção

Com tantas denúncias no MEC, Ciro Nogueira virou especialista no tema

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Herdeiro de uma família de larga tradição política no Piauí e tendo apoiado todos os governos (FHC, Lula, Dilma, Temer) desde que chegou a Brasília pela primeira vez para atuar como deputado federal, em 1995, Ciro Nogueira é especialista em corrupção. Entenda-se: como um cientista em seu laboratório, ele consegue distinguir e classificar os milhares de tipos da doença que sufoca o país.

Segundo Nogueira, todo-poderoso ministro da Casa Civil, a corrupção sob Bolsonaro é "virtual". Ou seja: ela não é real nem pode ser simulada; sua existência ocorre apenas em teoria; é o resultado de uma demonstração ou de uma "narrativa" –para usar essa palavra mágica, capaz de explicar tudo nos dias de hoje.

Ciro Nogueira diz que, no esquema dos pastores lobistas, íntimos do Planalto, que exigiam pagamento em barras de ouro e Bíblias para a liberação de verbas do MEC para prefeituras, não há prova de que os recursos tenham sido desviados: "É igual à questão das vacinas, é corrupção que não existiu".

Muitas pessoas, as que estão sempre ao lado de Bolsonaro, não importando o crime e o desrespeito que ele cometa ou a besteira que diga, têm fé cega, nada científica, nas conclusões de Nogueira; outras consideram suas palavras um escárnio; e algumas estão finalmente caindo no virtual, digo, na real. Discurso anticorrupção partindo de um governo que come na mão do centrão e ao mesmo tempo lhe dá de comer é balela.

Há novas suspeitas de corrupção para a análise de Ciro, o Sábio. A maioria delas envolve o FNDE, que está sob comando de um afilhado político do cacique do PP. Em lugares onde falta até água encanada, o método é superfaturar com a compra de laptops, kits de robótica, ônibus escolares, caminhões frigoríficos. Nenhum dos casos, no entanto, supera a autorização para "construir" 2.000 escolas fake, enquanto existem 3.500 obras paralisadas por falta de verba. Mais que virtual, é surreal.

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