Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Campanha do voto jovem é a volta à política real

Nas redes, bolsonaristas fingem que temas incômodos não existem

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Há temas a respeito dos quais a tática do governo é fingir que eles não existem. A enorme fila de desempregados é invisível. Fome? Desgraça de países africanos. O preço da cenoura e do tomate na feira registra uma inflação de 160%? O agronegócio, que é pop, jamais permitiria tal coisa. Só a ameaça de golpe é real, o restante é guerra cultural. Uma rima e, para os bolsonaristas em campanha, uma solução.

As redes são nossas, e nelas dizemos só o que queremos, atacamos e cancelamos, subimos tags e memes, decidimos o que é mentira e o que é verdade, acreditamos na capa falsa da Time com Bolsonaro e não acreditamos na capa verdadeira da Time com Lula. Aliás, essa revista não é de hoje que se vendeu ao comunismo, é irrelevante. A mídia somos nós.

Eis por que a campanha de incentivo ao voto dos jovens entre 16 e 18 anos —que ocorreu sobretudo na internet— foi considerada uma invasão de território a ser combatida com todas as armas. Para atuar no esforço da batalha, até um ambiente de influência não virtual foi convocado: o canhão dos pastores. Aqui na Folha, Anna Virginia Balloussier revelou que líderes evangélicos intensificaram a agenda política, dentro dos templos, para vender o candidato Bolsonaro a eleitores adolescentes.

Contra o lado negro da força, Mark Hamill —o já setentão Luke Skywalker da saga "Star Wars"— recomendou no Twitter que se tirasse o título. Leonardo DiCaprio também se posicionou na trincheira da democracia. Paladino da liberdade de expressão, Bolsonaro mandou DiCaprio "ficar de boca calada" e parar de falar "besteira". A esperteza é não perder a chance de interagir com quem tem mais seguidores do que você, tirando vantagem da exposição.

E assim foi até o fim do prazo do TSE, que registrou dois milhões de novos eleitores. Nunca o adolescente foi tão paparicado. Faltou apenas a recomendação de Nelson Rodrigues: "Jovens, envelheçam depressa".

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