Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

As coisas de que Bolsonaro mais gosta na vida

Fugir do trabalho, descumprir as leis e destruir a Amazônia

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Em 25 de janeiro de 2012 Bolsonaro estava fazendo a segunda coisa de que mais gosta na vida: fugir do trabalho. Deputado federal do baixíssimo clero, que nem em seus sonhos mais delirantes aspirava chegar à Presidência da República, ele pescava dentro da Estação Ecológica de Tamoios, entre Angra dos Reis e Paraty, descumprindo a lei —a primeira coisa de que mais gosta na vida— que proíbe anzol e isca no local.
Bolsonaro tentou dar uma carteirada, dizendo que tinha uma autorização especial para estar ali, mas não colou. José Olímpio Augusto Morelli, engenheiro agrônomo especialista em direito ambiental e servidor do Ibama havia 17 anos, nem sequer conhecia o deputado. Fez seu trabalho. Autuou e multou o infrator —fotografado dentro de um bote inflável com varas de pescar— em R$ 10 mil.

Foto tomada por agente ambiental durante autuação de Jair Bolsonaro por pescar dentro da Estação Ecológica de Tamoios, região de Angra dos Reis (RJ)
Foto feita por agente ambiental durante autuação do então deputado Jair Bolsonaro, que pescava dentro da Estação Ecológica de Tamoios, em Angra dos Reis (RJ) - 25.jan.12/Divulgação

Em 2018, a multa foi anulada; no ano seguinte o presidente mandou exonerar Morelli, num ato mesquinho de vingança. Não eram as primeiras desforras à fiscalização. Em 2013, Bolsonaro apresentou à Câmara projeto de lei que previa desarmar os fiscais do Ibama em ações de campo —logo ele, para quem facilitar ao cidadão a compra de um fuzil é sinônimo de liberdade e democracia e cujo governo é parceiro da indústria armamentista. Como tudo o mais em sua atividade parlamentar, a proposta foi arquivada.


Não surpreende a postura repugnante do capitão ao comentar os assassinatos do indianista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, justificando a execução e pensando com a cabeça dos criminosos. Bolsonaro iguala-se a eles no arrepio das políticas ambientais. É mais um Pelado da floresta. A diferença é que usa uma faixa presidencial no peito.


O infrator de Angra continua a desrespeitar as leis, mas agora em escala gigante. Ao perseguir, desarmar e desmantelar a Funai, entrega a Amazônia à ilegalidade de garimpeiros, grileiros, traficantes de madeira, ouro, animais e drogas. Os mandantes do duplo homicídio.

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