Américo José

Consultor empresarial, palestrante e sócio-diretor da ChertoAtco. É formado em propaganda e marketing.

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Américo José

Inovação pede mais olho no olho e menos mensagem eletrônica

Principais empresas de tecnologia valorizam a interação presencial entre funcionários

Nunca foi tão fácil se comunicar. A tecnologia une mentes criativas, dando acesso a mais informação e possibilitando muitas inovações. 

Porém existe uma perda de oportunidades para a inventividade emergir quando as conversas são apenas eletrônicas e não presenciais.

Sabe quando o tom de voz empregado na frase altera completamente seu significado, dando um sentido oposto? Esse é apenas um dos pontos que as mensagens escritas não capturam, podendo causar um ruído na comunicação.

Uma mulher está sentada com um tablet na mão olhando para um homem com um caderno na mão. Os dois estão sentados em uma mesa com duas xícaras de café
Fotolia

Mas você pode argumentar, com razão, que elas têm sido substituídas com velocidade por milhões de ferramentas de voz e vídeo.

Tudo isso também é verdade. Mas aí chegamos ao problema central da comunicação virtual: por não estarmos presentes no mesmo ambiente, nos concentramos em uma conversa mais objetiva. As interações e ideias que surgem sem querer, assuntos que brotam do nada e mesmo detalhes do nosso processo criativo podem escapar.

O economista americano Edward Glaeser, professor de Harvard e um dos maiores estudiosos das cidades, afirma que uma das razões para as cidades modernas existirem é que nesses lugares “as ideias flutuam no ar, o que torna mais fácil o surgimento de avanços tecnológicos”.

Segundo ele, isso explica a presença das principais empresas de tecnologia no Vale do Silício, por exemplo. É também a justificativa para que grandes bancos e corretoras estejam sediados em Nova York, a poucos metros de distância uns dos outros.

Essas empresas, mesmo tendo todo o aparato tecnológico necessário para fazer seus trabalhadores se comunicarem virtualmente ao redor do mundo, se dispõem a pagar altos custos de locação e transporte para estarem presentes em lugares onde seus empregados possam interagir entre si, com outros trabalhadores da mesma indústria e de outros setores. Pagam para estar fisicamente presentes no centro da informação, onde as ideias circulam.

Ao encontrar um colega que trabalha na empresa concorrente, por exemplo, as pessoas podem ter acesso, involuntariamente, a uma informação que gere uma boa ideia, uma inovação. E preste atenção na palavra “involuntariamente”: ela é a chave da questão.

Durante uma conversa despretensiosa, esse colega pode involuntariamente comentar sobre algum dado relevante para o seu trabalho. 

Nem você nem ele sabiam que aquela informação era relevante, até então, mas ao conversarem percebem a sua importância e daí surge uma nova ideia ou conexão de ideias.

Ninguém está dizendo que as mensagens eletrônicas são ruins e devam ser abandonadas, longe disso. No entanto não podemos esquecer que a interação presencial tem essa poderosa vantagem: a conversa costuma ser sempre mais rica.

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