A rainha Elizabeth 2ª se queixou recentemente do peso da Coroa Imperial do Estado, um dos maiores símbolos da monarquia britânica. Cravejada de diamantes, a coroa pesa 1.3 kg e é usada pela monarca apenas em ocasiões muito especiais, como a abertura anual do Parlamento.
Ao fazer seus comentários, a soberana reconheceu, obviamente, a importância e o significado da coroa para seus súditos e para o Reino Unido. O problema, segundo ela, é que esse peso todo no cocuruto limita muito os seus movimentos. Elizabeth 2ª tem que levantar os braços mais alto do que o normal para poder ler seus discursos. E simplesmente não pode abaixar a cabeça. Do contrário, diz, o peso da coroa lhe quebraria o pescoço. Nem mesmo a magnífica série de TV The Crown conseguiria revelar um detalhe do cotidiano real tão pouco glamouroso...
A declaração surpreende por vários motivos. Primeiro, por ter sido feita numa raríssima entrevista da monarca. De acordo com os produtores, a entrevista consumiu longos 22 anos de negociações com o Palácio de Buckingham para poder sair. Elizabeth 2ª fala pouco com a mídia, mas aceitou conversar sobre a coroa e outras joias reais para marcar os impressionantes 65 anos de sua coroação, que serão festejados em junho. Ela é a mais longeva monarca da história britânica.
Em segundo lugar, Sua Majestade não costuma se queixar de nada. Com enorme senso de responsabilidade e dever, a rainha é reconhecida pelos seus súditos como um pilar de estabilidade e resiliência no país.
Mas a maior surpresa é a rainha falar justamente sobre o peso literal da coroa, quando ela vem sustentando quase sozinha todo o fardo da monarquia britânica desde 1953. É inegável que a função de Sua Majestade é solitária e nem sempre cheia de glamour. Sabe-se também que a carga simbólica da monarquia é muito mais pesada do que a coroa propriamente dita. E Elizabeth 2ª, aos 91 anos, continua sendo o alicerce que mantém a família real em pé. Sem ela, as coisas podem mudar muito para a monarquia britânica.
Apesar de toda a fofoca que se faz ao redor dos Windsor, os britânicos continuam apoiando a monarquia em grande número. Uma pesquisa feita pelo instituto Opinium no fim de 2017 revelou que 58% dos britânicos acham que a monarquia é o melhor sistema de governo para o país. Os adeptos da criação de uma República patinam em cerca de 23% de apoio popular. E sem nenhuma expressão na imprensa ou no debate público.
Grande parte desse apoio aos "royals" deve-se diretamente à própria rainha, que continua sendo respeitada e reverenciada pela imensa maioria dos seus súditos. As coisas mudam de figura quando perguntam à população quem deveria sucedê-la. O príncipe Charles, primeiro na linha se sucessão, conta com o apoio de apenas 33% dos britânicos. Seu filho, o príncipe William, já consegue quase o dobro de aprovação (59%).
Esses números levam a imprensa popular mundial a especular, com grande frequência, sobre a possibilidade de Elizabeth 2ª escolher o neto como seu sucessor. Isso, na prática, não existe. A única coisa que poderia ocorrer seria o princípe Charles abdicar em favor do filho. Mas esse movimento talvez seja muito difícil para alguém que foi educado desde criança a suportar o peso da coroa. Ou pelo menos fingir que ela é confortável.
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