Américo Martins

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Américo Martins

Casamento vira peça de marketing na transição da monarquia britânica

União de Harry e Meghan reforça ideia de que a família real pode ser mais aberta e moderna

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

​O poderoso esquema de marketing da monarquia britânica vai vender ao mundo mais um conto de fadas no próximo fim de semana.

badalado casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle vai, sem dúvida, agitar uma boa parte do Reino Unido. E será acompanhado, com fascinação, por milhões de pessoas ao redor do planeta.

Mas a realidade é que o casamento e sua coreografia cheia de pompa só tem importância mesmo para reforçar o marketing positivo da família real —além, claro, de ser um dia genuinamente feliz para o enamorado casal.

E é natural que a monarquia, como instituição, tente explorar ao máximo o impacto positivo do casamento.

Especialmente no momento crucial em que a rainha Elizabeth 2ª, de 92 anos, começa a se aproximar do fim do seu reinado.

A respeitada rainha é a grande força estabilizadora da monarquia. Faz o complicado papel de tentar representar a unidade do país, sem se meter diretamente em nenhuma polêmica ou dar palpites na política.

Os mais velhos em geral a admiram e as crianças aprendem nas escolas a respeitá-la.

Mas o problema é que adolescentes e jovens adultos parecem cada vez menos interessados na família real.

Além disso, os níveis de aprovação do príncipe Charles, herdeiro do trono, são muito baixos. Ele definitivamente não é tão respeitado como a mãe —e nunca foi perdoado, justa ou injustamente, pela forma como tratou a princesa Diana durante o casamento dos dois.

Essa combinação pode criar problemas para o apoio popular à monarquia quando Elizabeth 2ª sair de cena.

Para diminuir os riscos, o marketing real vem explorando com grande sucesso a enorme popularidade dos dois filhos de Charles, os príncipes William e Harry.

Os dois são jovens, bonitos, encarnam um pouco da admiração que o britânico médio ainda sente pela princesa Diana e parecem mais conectados com a realidade do país e da população —apesar de todo o privilégio que tem e de falarem, como a avó e o pai, o inglês com o sotaque mais esnobe do mundo.

Alguns defendem até que Charles nem assuma o trono, abdicando em favor de William. Hipótese que parece muito pouco provável.

De qualquer forma, William sempre foi bom moço e continua muito bem na avaliação popular. Em caso de crise, poderia assumir o trono com apoio amplo.

A grande surpresa é justamente o irmão. Harry não corre o risco de virar rei (é o sexto na linha de sucessão), mas se transformou num grande ativo da monarquia.

Quando mais jovem, ele aprontou das suas. Apareceu pelado em Las Vegas, foi fotografado bêbado e decidiu se fantasiar de oficial nazista numa festa —um desrespeito evidente aos britânicos que perderam familiares na dura vitória sobre a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Depois, no entanto, ele mudou dramaticamente sua imagem. Passou a ser mais discreto, combateu no Afeganistão, apoia causas filantrópicas e parece ser o integrante da família real mais conectado com a população. Dá um ar de modernidade aos Windsor.

Para delírio dos marqueteiros, Harry se apaixonou por uma mulher independente, feminista, divorciada, negra e admirada por sua personalidade.

Tudo isso foi mera coincidência, claro. A paixão não se controla.

Mas tudo isso ajuda a reforçar a ideia de que a família real pode ser aberta, mais moderna e conectada com o mundo real.

É isso que o marketing real vem explorando desde o anúncio do casamento. E vai continuar explorando por muito tempo depois.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.