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Violência força a polícia de Londres a patrulhar a cidade com armas

Medida causa polêmica porque a Scotland Yard sempre atuou desarmada nas ruas

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Policiais patrulham área cercada no centro de Londres durante ocorrência - Daniel Leal - 17.out.2018/AFP

Uma das forças policiais mais eficientes do mundo, a famosa Scotland Yard anunciou que pretende começar a patrulhar as ruas de Londres portando armas.

A trágica notícia é uma resposta ao recente aumento no número de crimes com faca na cidade, mas já está criando uma grande polêmica no Reino Unido.

Muitas autoridades de diversos partidos, incluindo o prefeito trabalhista Sadiq Khan, são contra a ideia e afirmam que ela só vai servir para aumentar a violência ainda mais.

Criada em 1829, a polícia londrina nunca usou armas de fogo no patrulhamento preventivo da maior metrópole da Europa Ocidental.

Apenas pequenas unidades de policiais muito treinados portam revólveres e fuzis e são acionados especialmente para ações de grande risco.

Mais recentemente, a ameaça de terrorismo também fez com que outros grupos especiais de policiais fortemente armados passassem a fazer a segurança de alguns lugares públicos, como aeroportos e o Palácio de Buckingham –a residência da Rainha Elizabeth 2ª.

Mas esses agentes de elite não circulam pela cidade com suas armas.

O patrulhamento preventivo sempre foi feito por policiais desarmados com a intenção justamente de não estimular a violência.

A ideia é que os “bobbies”, como são chamados os policiais de Londres, mantenham o controle das ruas com respeito e o consentimento da população, que reconhece sua autoridade.

Essa prática é possível pelo fato de que as armas de fogo são devidamente controladas no Reino Unido e são raríssimos os episódios de morte por tiro.

No entanto, houve um aumento recente no número de assassinatos por facadas.

De janeiro a novembro deste ano, 127 pessoas foram mortas na cidade. Trata-se de um recorde para Londres, mas representa uma taxa de homicídios bastante baixa de 1.44 por 100 mil habitantes.

Para efeito de comparação, a cidade de São Paulo teve uma taxa de homicídio seis vezes maior em 2017. E o Brasil inteiro registra uma média absurda de mais de 30 assassinatos por 100 mil habitantes.

Pressionada para dar satisfações à população, a chefe da Scotland Yard, Cressida Dick, disse que pretende armar os policiais que fazem o patrulhamento de áreas onde a atividade das gangues é maior.

Ciente da polêmica em torno do assunto, Dick tentou minimizar a medida dizendo que ela não será usada em toda a cidade e nem o tempo todo, mas apenas em “circunstâncias extremas”.

A curiosidade importante é que a própria chefe da polícia londrina já se envolveu em um episódio de violência policial que resultou na morte de um inocente.

Ela era a pessoa responsável pela operação que levou à morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em 2005.

Confundido com um terrorista pela polícia, Jean Charles foi abatido a tiros dentro do metrô.

A família dele ainda luta por justiça.

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