Os jovens estão abandonando Londres em números recordes, num fenômeno que pode transformar a capital britânica.
Segundo dados do grupo Centre for London, um think tank dedicado a pensar soluções urbanas locais, a cidade nunca perdeu tantos habitantes entre 25 e 34 anos, os chamados millennials.
O número de habitantes dessa faixa etária vivendo por aqui diminuiu em quase 40 mil no ano passado.
É um número maior do que o de qualquer outro grupo populacional.
E o pior é que essa tendência não começou agora: ela vem se aprofundando desde pelo menos a crise financeira de 2008.
Pelo menos três fatores vêm contribuindo para o êxodo.
O primeiro, e mais importante, é o custo absurdo da moradia.
O preço médio de um apartamento na capital britânica chegou a £ 478.853 libras esterlinas no ano passado (nada menos do que R$ 2.3 milhões).
Os estúdios mais baratos não ficam por menos de £ 225.000 (cerca de R$ 1,1 milhão).
Para efeito de comparação, o salário líquido médio do londrino é de cerca de £ 2.200 libras esterlinas por mês (o equivalente a R$ 10.800).
Ou seja, os jovens ainda no início de carreira sabem que não têm a menor chance de conseguir comprar uma propriedade na cidade. Nem com reza brava.
O segundo ponto é a superlotação.
Com 8.8 milhões de habitantes, Londres é a maior metrópole da Europa ocidental.
Nem é tanta coisa, na comparação com várias outras megalópoles do mundo —incluindo, claro, São Paulo.
Mas é muita gente para um país desenvolvido onde a população está determinada a ter mais qualidade de vida e odeia, por exemplo, andar no eficiente mas lotado metrô para ir ao trabalho pela manhã.
Por fim, o brexit também ajudou a diminuir essa faixa da população, já que o processo de divórcio com a União Europeia fez com que menos jovens europeus decidissem tentar a vida por aqui.
Independentemente das causas, esse fenômeno pode ter dois efeitos negativos importantes.
Um deles é econômico, já que os millennials estão entre os grupos que mais consomem hoje em dia.
A presença deles é muito importante para garantir que a economia continue girando de forma saudável.
O segundo efeito é cultural, já que os jovens são o grande motor da criatividade em qualquer lugar do mundo.
Especialmente em Londres, que sempre criou tendências copiadas em todos os continentes.
Para isso continuar, os millennials precisam ficar. E manter uma longa tradição.
Afinal, foram os jovens, de várias gerações, que transformaram Londres na cidade mais vibrante do mundo.
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