Existem várias razões para amar Londres, uma das cidades mais vibrantes do mundo e cheia de tradições e história.
Cada visitante ou morador daqui tem seus bons e específicos motivos para gostar desta frenética capital.
O poeta Vinicius de Moraes, por exemplo, escreveu em 1959 um texto intitulado “Por que amo a Inglaterra” no qual mencionava o carinho que tinha pela cidade.
No artigo, Vinicius descreve as suas experiências como o primeiro estudante brasileiro a ter recebido uma bolsa do governo britânico para fazer um curso na Universidade de Oxford, em 1938.
O texto já começa com a surpreendente constatação de que o poeta não se apaixonou à primeira vista pelo país ou por sua capital —o oposto do que acontece com a maioria dos anglófilos.
O amor de Vinicius começou exatos quatro dias depois de sua chegada, de forma inusitada, quando um policial britânico o segurou pelo ombro evitando que ele fosse atropelado ao olhar para o lado errado na tentativa de atravessar uma avenida central de Londres.
A partir daquele momento, o escritor sentiu-se “protegido pelo (então) Império Britânico”. Vinicius prossegue elogiando o “fair play” dos ingleses, a paixão pelos esportes, a beleza da arquitetura local e suas próprias aventuras na universidade.
Concordo: aqui vivi experiências similares e acho que essas são excelentes razões para se amar o lugar.
Ao contrário do poeta, no entanto, o meu interesse por Londres começou logo no primeiro dia de visita à Inglaterra, numa viagem inesquecível ao lado do meu pai no já longínquo ano de 1984.
Naquela semana de verão ameno, comecei a perceber como esta metrópole é especial. Em primeiro lugar, a cultura do lugar é impressionante.
Não há um dia que passe no ano sem grandes shows, exposições mundiais de ponta e as mais intensas atividades culturais —muitas delas relacionadas à sempre boa música inglesa, especialmente o rock. Londres sempre cria tendências copiadas mundo afora.
Logo depois, vem o multiculturalismo londrino.
Essa mistura faz a cidade ser única, variada, inclusiva, democrática, uma verdadeira capital mundial.
Essa babel metropolitana gera outras coisas incríveis, como a culinária variada e uma explosão de cores em vários bairros repletos de imigrantes convivendo lado a lado com os ingleses.
Os pubs —o melhor tipo de bar já inventado— e suas milhares de cervejas também são importantes e marcantes.
The Fox, em Ealing; The Dove, em Hammersmith; e The Holy Bush, em Hampstead, são os três melhores pubs do mundo, com certeza. E os três ficam em Londres.
Também é aqui que corre o Tâmisa, o rio mais poético e belo que conheço. Por fim, existe o futebol...
O campeonato inglês, como se sabe, é o melhor do planeta.
O futebol jogado por estas bandas parece um outro esporte. Muito mais competitivo do que em qualquer outro lugar.
E é ainda melhor em Londres. Afinal, o Arsenal joga aqui...
Parafraseando o poeta Vinicius, os apaixonados por Londres se sentem em casa na cidade, “como, de resto, em toda aquela bela e grande ilha, ao mesmo tempo apaixonada e discreta, cordial e austera”.
Depois da minha terceira temporada vivendo em Londres, num total de quase 17 anos, volto ao Brasil, a nossa amada pátria. Vou ajudar a implantar a CNN Brasil, no maior desafio de minha carreira.
Agradeço imensamente aos leitores e à Folha pela oportunidade desta coluna, onde tentei retratar um pouco da vida na capital britânica. Muito obrigado.
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