Em meio à tramitação de propostas de reforma eleitoral que, entre outras coisas, tendem a criar ainda mais empecilhos à participação feminina na política com o relaxamento do atual sistema de cotas, a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados reagiu.
Lançou em 30 de junho o Observatório Nacional da Mulher na Política, que fará estudos sobre violência política; atuação parlamentar e representatividade; e atuação partidária e processos eleitorais. O objetivo é propor soluções legislativas que permitam ampliar o total de mulheres na política.
A iniciativa é apropriada para uma nação que, em junho, passou a ocupar a 140ª posição no ranking de participação feminina entre os 192 países monitorados pela União Interparlamentar. Com apenas 15% de mulheres na Câmara dos Deputados e 12% no Senado Federal, o Brasil está também em 9º lugar no ranking dos países da América Latina. E, embora a participação feminina na política tenha crescido, há 900 municípios onde nenhuma mulher elegeu-se em 2020.
Na Argentina, onde há listas eleitorais fechadas intercalando candidaturas masculinas e femininas, as mulheres representam 42,4% da Câmara Baixa e 40,3% do Senado. Na Bolívia, elas ocupam 46,2% das cadeiras da Câmara Baixa e 55,6% do Senado.
O Chile é um caso à parte. Embora o país conte com 22,6% de deputadas e 27,9% de senadoras, as mulheres alcançaram feito histórico neste ano. Na eleição para a Assembleia Constituinte, foram eleitas mais mulheres do que homens. Por conta disso, 11 delas tiveram de ceder seus lugares para homens a fim de garantir o cumprimento da lei que determina a paridade de gêneros entre os representantes da Constituinte.
Voltando ao Brasil, mais do que cotas femininas, o país precisa se conscientizar de que a diversidade —com a reserva de espaços não só para mulheres mas também para os demais segmentos da sociedade sub-representados— é uma coisa positiva e engrandece a política.
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