Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Ana Cristina Rosa
Descrição de chapéu indígenas

Uma mesma nação, muitos Brasis

Há a nação dos povos originários, dos trabalhadores, dos pretos e pardos e dos que desfrutam de privilégios e se julgam no direito de tudo

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Entre outras coisas, uma nação é definida por suas tradições, costumes e características sociais, políticas e culturais que compõem a identidade do povo. No caso brasileiro, nunca esteve tão claro que somos uma mesma nação na qual coexistem muitos Brasis.

Há o Brasil dos povos originários, que há mais de 500 anos lutam para defender o próprio direito à vida e seus territórios constantemente invadidos, ocupados e explorados ilegalmente.

Rosangela da Silva Ellias (a Dona Janja), 53, lider do Quilombo dos Alpes, fundado por sua avó, Edwirges Garcia, no século 20, em Porto Alegre (RS). Na imagem, em um campo de vegetação rasteira, Dona Janja, mulher negra de cabelos grisalhos, segura flores junto ao corpo
Rosangela da Silva Ellias (a Dona Janja), 53, lider do Quilombo dos Alpes, fundado por sua avó, Edwirges Garcia, no século 20, em Porto Alegre (RS) - Daniel Marenco - 10,jun.21/Folhapress

Há a pátria dos trabalhadores que por mais que se esforcem não conseguem garantir uma vida digna aos seus frente a uma inflação galopante e prestes a alcançar a casa dos dois dígitos ano.

Tem também o país dos mais de 14 milhões de desempregados, que sonham em receber ao menos o salário mínimo, dos 5,6 milhões de desalentados, que desistiram de procurar uma recolocação, e da população em situação de rua, que aumentou na pandemia.

Existe a terra natal dos milhões de pretos e pardos descendentes de africanos escravizados e depois largados à própria sorte a perambular sem destino pelas ruas de uma pátria que há séculos criminaliza quem anda por aí a “vadiar”, mas nunca soube oferecer alternativas reais de desenvolvimento social como contrapartida pela usurpação da liberdade.

Há o território dos que se sentem superiores e se julgam no direito de condenar e até de fazer justiça com as próprias mãos, amarrando, arrastando e agredindo um quilombola a pontapés. Esse é o país no qual uma Câmara de Vereadores, a de Santarém, no Pará, considera aceitável render homenagem a descendentes de confederados, os racistas escravocratas sulistas dos EUA que se instalaram aqui depois de perderem a Guerra Civil no século 19.

E há o Brasil dos que desfrutam de privilégios, defendem a meritocracia, falam que preconceito racial é “mimimi”, são contra ações afirmativas, acreditam em “racismo reverso”, não veem problema em pagar mais caro pela conta de luz e defendem a educação para poucos.

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