Casos de racismo no futebol são recorrentes há mais de um século no Brasil. Na década de 1910, negros residentes na capital dos gaúchos fundaram a Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense para reunir equipes de jogadores vetados nos clubes de elite da cidade em razão de sua origem.
O campeonato ganhou o apelido pejorativo de "Liga da Canela Preta", mas é reconhecido como símbolo de resistência ao preconceito racial no esporte. Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol aponta que 49% dos incidentes com atletas brasileiros registrados no país e 8% dos ocorridos no exterior em 2020 estavam relacionados à questão racial.
Coisa absurda numa nação que deve aos afrodescendentes sua marca registrada de astúcia, ginga e destreza em dribles espetaculares que muitas vezes lembram passes de samba ou movimentos da capoeira aplicados ao futebol.
Negros são Pelé —o atleta do século 20— e Marta —eleita seis vezes pela Fifa a melhor jogadora do mundo—, dois dos maiores nomes da Seleção Brasileira em todos os tempos. Negra é também a maioria dos jogadores mais importantes da história do nosso futebol.
Em 2021, muitos times brasileiros foram às redes sociais para se manifestar contra o racismo no dia 20 de novembro. E ao longo da Semana da Consciência Negra, pelo menos três equipes lançaram uniformes especiais. Intitulada "Manto da Desigualdade", a camiseta do Botafogo traz dados do impacto social negativo do racismo.
Flamengo e Internacional homenagearam os negros e negras do futebol brasileiro e suas conquistas com camisetas que carregam detalhes como a frase "O negro no futebol é a marca do Brasil", nas costas, e o patch de um cabelo Black Power com a inscrição "É a coroa", no peito. Um dos primeiros clubes do Brasil a aceitar atletas negros, o Inter destacou que "a luta antirracista rola no campo e fora dele".
É gratificante ver o esporte servindo de instrumento para valorizar talentos negros e educar contra o racismo.
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