Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Descrição de chapéu inflação

Fome, mais uma vergonha nacional

Carta Magna determina que o mínimo deve cobrir as necessidades do trabalhador, mas salário é insuficiente para comer

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Na semana em que um litro de leite longa vida bateu na casa dos R$ 10,00, a dificuldade crescente de se alimentar foi o assunto dominante até entre os brasileiros que ainda conseguem comprar comida com a remuneração do próprio trabalho.

Não é pra menos. Com a cesta básica custando R$ 14,00 a mais do que os R$ 1.212,00 do valor do salário mínimo nacional na maior cidade do país segundo o Procon-SP, é flagrante e constrangedor o desrespeito ao povo e à Constituição. Como se sabe, a carta magna determina que o mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador e de sua família. Como se vê, o salário é insuficiente até para comer.

Barraca de banana prata a R$ 12 a dúzia em feira livre de São Paulo - Danilo Verpa -14.jun.22/Folhapress

Fazer compras na feira ou no supermercado virou uma experiência prática de subversão da lógica da expressão "a preço de banana", que por essas bandas deixou de ser sinônimo de pechincha. Nos últimos 12 meses, o café aumentou 67%, o tomate mais de 55%, a batata-inglesa 54,30%, o açúcar 31,46%, o óleo de soja 31,25%, o leite longa vida quase 30%, a margarina 23,96%, a banana prata 23,6% e o feijão carioca, 19%.

Intitulada "Mapa da Nova Pobreza", uma pesquisa divulgada pela FGV-Social revelou os mais recentes dados mundiais sobre insegurança alimentar. Comparando o Brasil com 160 países desde 2006, pela primeira vez o percentual de pessoas em situação de fome em território nacional superou a média simples mundial.

Entre os 20% mais pobres da população brasileira, a insegurança alimentar aumentou 22 pontos percentuais na pandemia, passando de 53% em 2019 para 75% em 2021. É gente que não sabe se terá o que comer, pois depende de doações —ou até de restos catados no lixo— para se alimentar. O percentual é muito próximo do nível em que está o Zimbabwe, país com maior insegurança alimentar da amostra: 80%.

Além de claro sinal de falência de políticas públicas, é uma realidade dramática e extremamente vergonhosa para o Brasil, um dos maiores produtores e exportadores globais de alimentos.

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