Nos últimos anos, Paraty sentiu o baque do caos financeiro e social do Rio de Janeiro: o turismo sofreu, pousadas e restaurantes fecharam, e a criminalidade aumentou.
Uma das vítimas mais recentes da violência foi o francês Cedric Alexandre Vacherie Jaurgoyhen, de 33 anos, assassinado em uma área rural de Paraty. A polícia desconfia que Cedric, que era adepto do candomblé, foi alvo de intolerância religiosa.
Para piorar, a greve dos caminhoneiros prejudicou o movimento de pousadas no feriado de Corpus Christi, e a Copa do Mundo praticamente aniquilou o turismo na primeira metade de julho, período de férias escolares.
Por isso tudo, foi um alívio para os paratienses o que se viu durante a Flip, a Festa Literária de Paraty, que durou cinco dias e terminou no domingo, 29 de julho: turistas encheram a cidade, o sol brilhou todos os dias, e quem vive do turismo teve finalmente o que celebrar.
Mais do que isso: Paraty pareceu ter recuperado um clima de alegria e descontração que sempre foi marca da cidade. Por quatro dias, as ruas do centro histórico ficaram cheias de famílias, bandinhas tocavam em esquinas, e o público corria de casa em casa para ver debates e palestras. Foi bonito ver a multidão lotando a orla na noite de sexta (27) para presenciar o eclipse lunar.
O orçamento da Flip vem diminuindo a cada ano, e, com ele, o tamanho do evento. Mas a triplicação do número de casas parceiras —neste ano, foram 22— compensou, e houve atrações para todos os gostos.
Editoras independentes e pequenas, que sempre reclamaram do domínio das grandes, conseguiram atrair bons públicos para seus espaços.
E alguns espaços eram realmente especiais: a unidade do Sesc no bairro Caborê, às margens do rio Perequê-Açú, impressionou pela beleza, assim como o cinema da praça da Matriz, reaberto depois de mais de 40 anos. Para quem mora em Paraty, a sensação era de orgulho.
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