André Singer

Professor de ciência política da USP, ex-secretário de Imprensa da Presidência (2003-2007). É autor de “O Lulismo em Crise”.

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Movimentações atípicas podem se tornar um Coafgate

Futuro do caso depende da autonomia e da vontade dos órgãos de investigação

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O ex-assessor parlamentar Fabrício José Carlos de Queiroz em foto ao lado de Jair Bolsonaro. A imagem foi publicada no perfil do Instagram do ex-assessor em 21 de janeiro de 2013
O ex-assessor parlamentar Fabrício José Carlos de Queiroz em foto ao lado de Jair Bolsonaro. A imagem foi publicada no perfil do Instagram do ex-assessor em 21 de janeiro de 2013 - Reprodução/Instragram

Como Jair Bolsonaro vai gerenciar o caso Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)

As reportagens sobre a sua ex-funcionária Walderice Santos da Conceição, que em lugar de dar expediente foi flagrada vendendo açaí na Vila de Mambucaba, em que o presidente eleito tem casa de veraneio, geraram ruptura com a Folha

Agora aparecem R$ 24 mil entregues em cheque à mulher do capitão reformado por um ex-assessor, Fabrício Queiroz, do gabinete do filho, Flávio, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Bolsonaro declarou ser amigo de Fabrício e ter-lhe feito um empréstimo de R$ 40 mil. O dinheiro suspeito seria parte da devolução. Mas um motorista que recebe R$ 600 mil (e os saca) em 12 meses não parece precisar de ajuda. Segundo a Veja, as datas de depósitos feitos na conta de Queiroz, coincidem com as de pagamento na Alerj.

Bruno Boghossian, nesta Folha, conta existir na Alerj a prática do “pedágio” ou “rachadinha”. De acordo com o jornalista, gabinetes obrigam os respectivos funcionários a devolverem parte do que recebem. 

O jornal (página A6 da mesma edição) acrescenta que, em geral, há três destinos para o recurso recolhido. Pode irrigar projetos mantidos nos redutos eleitorais do parlamentar; pode ir parar na mão de apoiadores ou na do próprio legislador.

Até a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), confrontada com situação semelhante na Assembleia Legislativa de São Paulo, afirmou que o episódio envolvendo os Bolsonaro tem que ser investigado. 

“Bolsonaro [refere-se ao pai] pode ter dado explicação daquilo que ele conhece. Pode haver uma parte da história que ele desconhece, entendeu?”, afirmou ao portal Terra. Quando a inspiradora do impeachment de 2016 se manifesta em tais termos, é melhor tomar cuidado.

O rumo do escândalo vai depender de três variáveis. A autonomia e vontade dos órgãos de investigação, que determinará a quantidade de informações disponíveis para a imprensa. O destaque que esta conferir ao que for apurado. O ambiente político geral, que influencia tanto o aparelho investigatório quanto os órgãos de comunicação.

De todo modo, o clima de tolerância zero, do qual Bolsonaro foi um dos artífices, começa a prejudicá-lo. Na sexta (13), a Folha trouxe notícia de que a filha de Fabrício, secretária parlamentar, até outubro, do futuro mandatário, atuava como personal trainer na cidade do Rio de Janeiro.

Numa etapa da vida nacional em que Lula é julgado pelo sítio dos pedalinhos, Aécio Neves, investigado por propinas da JBS, e Cesare Battisti, extraditado, eleitores do “mito” já se sentem decepcionados. A possibilidade de haver um Coafgate não deve ser menosprezada.

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