Resoluções de Ano-Novo são como promessa feita em campanha eleitoral: quando o jogo começar pra valer, finge que não é com você e dá o assunto por encerrado.
Cortar carboidratos e a alegria de viver a partir do dia 1°? Manter uma rotina de leitura mais substanciosa que pega-pra-capar no Twitter com filho de presidente? Deixar pra lá quando a tia Vânia esbravejar no grupo de família que a Terra é tão plana quanto o peitoral daquela petralha da prima Célia?
Nada contra metas, até tenho amigos que cumprem. Mas passada a empolgação da virada, que mais parece carioca marcando chopes que todos os envolvidos sabem que nunca vão acontecer, o modus operandi é procrastinar como se não houvesse outros 364 amanhãs. Ano que vem a gente volta a conversar.
Acontece que, em 2020, tenho um bom motivo para levar a sério minha checklist de Réveillon. Ele faz mais acrobacias que Cirque du Soleil dentro da minha pança de oito meses e já, já vem aí. Chama-se Violeta e vai nascer numa época que não é flor que se cheire.
Filha, dia desses a mamãe jornalista acompanhou um concurso de miss infantil com várias menininhas adoráveis que, antes dos dez anos, já falavam em dietas e limpeza de pele.
Uma lamentou as “gordurinhas” da colega. Em outra a maquiadora enxertou cílios postiços. Teve a que me ensinou a sorrir como miss: “É tipo a cara de quem está tentando fazer cocô”. Eu ri, mas algo nos sorrisos plastificados me fez chorar por dentro.
Nos EUA, competições assim já exibiram participantes com seios falsos e botox bem real. Juro.
Meu coração ficou em caquinhos ao ver uma das caçulinhas do torneio brasileiro pedir o colo da mãe, chorando, ao perder a coroa.
Minha resolução para 2020 é me assegurar que este seja o primeiro ano de uma longa infância para você, Violeta. Se o mundo não tá pra brincadeira, que você esteja. Por um tempão. Promete?
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