Antonio José Pereira

Engenheiro civil e doutorando pela FGV, é superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP desde 2014.

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Coronavírus

Inovação em saúde impulsionará o crescimento do país

Inteligência artificial já ajuda médicos e serviços de saúde do Brasil a identificar doenças

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Em agosto, uma audiência pública no Senado Federal debateu saídas para o crescimento econômico e industrial da saúde no Brasil —ela é vista hoje como estratégica para o desenvolvimento do país.

Durante o debate, Carlos Augusto Grabois Gadelha, coordenador do grupo de pesquisa sobre desenvolvimento, complexo econômico-industrial e inovação em saúde da Fiocruz, afirmou entender que o chamado “complexo da saúde 4.0” é tão importante para o Brasil de hoje como já foram o petróleo e o aço.

Seis profissionais da saúde, com jalecos brancos e máscaras, estão sentados em cadeiras dentro de uma sala olhando para uma tela de computador, durante uma consulta médica à distância.
Atendimento por teleconsulta no Hospital Sabará, em São Paulo - Danilo Verpa - 21.fev.21/Folhapress

Isso não ocorre à toa. Acontece no momento em que o mundo ainda vivencia a maior pandemia sanitária dos últimos cem anos. A saúde precisa ser efetiva e ágil, e deve alcançar todos, pelo bem da economia, da cultura e da vida.

Em 2019, a consultoria inglesa Economist Intelligence Unit previa que os gastos mundiais na área sairiam de US$ 7,7 trilhões alcançados em 2017 e chegariam a US$ 10 trilhões em 2022, em um sistema já classificado por eles como “em ebulição”.

Hoje, no Brasil, a empresa de inovação Distrito já contabiliza 747 healthtechs, e as startups de saúde receberam investimentos recordes no primeiro trimestre de 2021. Desde abril de 2020, houve mais de 3 milhões de teleconsultas entre as operadoras de saúde, segundo a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde).

Uma pesquisa com mais de 900 profissionais de saúde feita pelo MIT Technology Insights com a GE Healthcare identificou que a IA (inteligência artificial) já é usada para aprimorar análise de dados, possibilitar melhores diagnósticos e tratamentos e retirar da equipe médica e de atendimentos as atividades administrativas rotineiras.

Precisamos de tecnologia na saúde para gerar diagnósticos, classificar exames de imagem e desenvolver protocolos automáticos. Com inovação, é possível prever reinternações e estruturar históricos médicos.

Com a automatização de processos rotineiros e repetitivos, temos natural redução de custos e otimização do tempo, especialmente do corpo clínico. A integração de dados para reunir prontuários e informações de pacientes possibilitará pesquisas mais assertivas sobre a saúde da população. A telessaúde pode levar o atendimento e a consulta aos cantos mais longínquos deste país, e o emprego da tecnologia aprimora a pesquisa, integra tratamentos e facilita o atendimento multidisciplinar.

É preciso considerar privacidade e segurança dos dados dos pacientes, conceitos que, segundo Nigam Shah, da Universidade Stanford, são constantemente confundidos. Para ele, permitir que sua informação de saúde seja usada para uma pesquisa não significa que sua privacidade foi afetada.

De qualquer forma, os pacientes brasileiros passaram a ser resguardados pela Lei Geral de Proteção de Dados, no 13.709, que criou segurança jurídica padronizando normas e práticas para proteger dados pessoais de todo cidadão que esteja no Brasil.

Nos Estados Unidos, usuários da saúde são convidados a participar da iniciativa do Blue Button: o símbolo do botão azul indica que determinado site oferece download de registros de saúde dos clientes. A iniciativa foi criada para impulsionar organizações que permitem o acesso a suas informações de saúde para serem parceiros capacitados em cuidados.

No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, temos feito nossa parte constantemente.

Em setembro de 2020, foi inaugurado o In.Lab, no Instituto de Radiologia, espaço destinado a parceiros, startups e desenvolvedores que já tenham ou queiram criar projetos de IA nas diferentes etapas na jornada do paciente e na cadeia da saúde —prevenção, diagnóstico, tratamento e gestão para uma conexão mais otimizada e eficaz. O fato é que já sabemos obter e armazenar dados e agora, com IA, precisamos aprimorar sua interpretação para obter ganhos em processos e oferecer integração no suporte à decisão.

Especificamente em diagnóstico, o destaque tem sido nosso projeto RadVid-19: uma plataforma de IA que ajuda médicos e serviços de saúde de todo o país a identificar a doença em exames de imagem. Ela é alimentada por imagens de raios-X e tomografias do tórax de pacientes de 50 hospitais de todo o Brasil. Além de identificar a doença, cria um dos maiores bancos de imagem sobre o tema e ajuda a definir padrões e diagnósticos diferenciais.

O projeto de UTI Conectada também permitiu ao HCFMUSP compartilhar seu conhecimento com os serviços mais distantes do Brasil. Profissionais de UTIs enviam seus relatórios, índices e impressões sobre os pacientes —tudo online—, e a equipe do HC intervém sugerindo protocolos e tratamentos. A solução permite redução de custo, ao não exigir a presença física de especialistas em serviços diversos, a rápida tomada de decisão, salvando mais vidas, e a eficácia do sistema como um todo.

Estamos fazendo história, entregando mais saúde com inovação e escrevendo um futuro mais promissor.

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