Antonio Delfim Netto

Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

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Trilemas

Economista Dani Rodrik explora um novo trilema, o da globalização

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Dani Rodrik durante participação em fórum na cidade de São Paulo, em 2013
Dani Rodrik durante participação em fórum na cidade de São Paulo, em 2013 - Zé Carlos Barretta - 7.mai.2013/Folhapress

No último meio século, os economistas descobriram vários problemas que restringem os graus de liberdade da política econômica. 

No final dos anos 50 do século passado, o Congresso americano preparou um importante documento (“Staff Report on Employment, Growth, and Price Levels”, 1960) sob a presidência do famoso economista e senador, Paul H. Douglas. 

Chegou às seguintes conclusões: 1) políticas para estabilizar os preços não produzem, automaticamente, o crescimento econômico; 2) estímulos ao crescimento não são suficientes para promover a estabilidade dos preços; e 3) crescimento e inflação não são problemas independentes. Tais proposições ainda são aceitáveis. 

O relatório da minoria, entretanto, dizia explicitamente que “uma alta e estável taxa de emprego, uma alta taxa de crescimento da nossa capacidade produtiva e um alto nível de estabilidade dos preços podem ser obtidos simultaneamente”.

Essa discussão está na origem do chamado “trilema cruel”. Ele impede que uma economia atinja, ao mesmo tempo, a estabilidade dos preços e o pleno emprego quando a estrutura do mercado de trabalho estimula uma forte barganha salarial coletiva. Só se podem obter as duas primeiras abdicando da última. Isso implica tensões políticas a longo prazo. 

Há sérias dúvidas, aliás, se existe informação suficiente para produzir uma política econômica que atenda ao objetivo de manter uma baixa taxa de inflação ao mesmo tempo em que se mantém uma alta taxa de emprego. 

Mas não há a menor dúvida sobre o fato de que essa dupla missão não pode ser atingida apenas pela política monetária realizada pelos bancos centrais. É claro que ele deve se preocupar com o nível de emprego, mas fixar os dois com a atual judicialização da ação política é procurar encrenca!

Um pouco antes, o maior economista da segunda metade do século 20, Kenneth Arrow, demonstrou (1951) o seu teorema da impossibilidade de qualquer método simples de escolha majoritária determinar a preferência social, deixando um problema espinhoso e não resolvido para a democracia.

Um segundo trilema foi descoberto logo depois (1962). Uma economia não pode ter, simultaneamente, a combinação de uma taxa de câmbio fixa e a liberdade de movimento de capitais se quiser ter uma política monetária independente.

Mais recentemente, o economista Dani Rodrik explora um novo trilema, o da globalização. A evolução mais recente da economia mundial parece demonstrar a impossibilidade de se obter, ao mesmo tempo: a independência nacional, a democracia e a plena globalização. A preocupação é que os exageros da globalização podem elevar a preferência pelo autoritarismo.

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