Antonio Delfim Netto

Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

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Antonio Delfim Netto

Chantili

Distribuição e crescimento são dois lados da mesma moeda, todo o resto é enganação

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Na última semana, uma miríade de candidatos a salvador da pátria afirmou, convicta, que a levará de volta ao crescimento robusto, equânime e sustentável. Espertamente, não revelou como. O desenvolvimento econômico, é, apenas, o outro nome do aumento persistente da produtividade do trabalho.

Pois bem. Observação milenar informa que ele depende do aumento persistente da quantidade de bens de produção (trabalho inteligente que no passado foi cristalizado num objeto), que alocado a um trabalhador lhe aumenta a produtividade. 

Um agricultor com uma enxada é mais produtivo que sem ela. O que é enxada? 

Um dia, um agricultor inventivo e habilidoso deixou de plantar milho e aplicou a sua inteligência e o seu trabalho para forjar uma lâmina de metal à qual se associou um cabo de madeira. “Congelou” o seu trabalho num bem de produção (a enxada). Reproduzido, ampliou a produtividade de todos. 

É a este processo que se dá o nome de desenvolvimento econômico! O conjunto dos bens de produção (ferramentas, máquinas, infraestrutura) é o estoque de capital (K) associado ao trabalhador (L), (K/L), para produzir o PIB (Y) por trabalhador (Y/L). 

O gráfico abaixo sugere a estreita dependência entre a produtividade da mão de obra (Y/L) e o capital médio alocado a cada trabalhador (K/L). Qual é a conclusão? Só há desenvolvimento se o estoque de capital (K) crescer mais depressa do que o número de trabalhadores (L). Essa é uma verdade incontornável!

O que isso significa? Que o crescimento do PIB per capita depende de uma harmonia entre o consumo presente e o aumento do estoque de bens de capital que condicionará o consumo futuro. 

O que cada candidato à Presidência deveria explicar, sem o chantili demagógico, é simples: como, no regime de plena liberdade democrática, acomodará as evidentes pressões para o consumo presente (vide as recentes “bombas” legislativas e judiciárias), sem sacrificar o aumento do estoque de capital necessário para aumentar o consumo futuro? 

Distribuição e crescimento são dois lados da mesma moeda. Todo o resto é lamentável enganação. Esta desmoraliza o exercício da política e corrói as bases de nossa democracia.

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