Benjamin Steinbruch

Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, vice-presidente da Fiesp. É formado em administração pela FGV.

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Benjamin Steinbruch
Descrição de chapéu Rússia Brics

Brasil precisa retomar a vocação de crescimento que ostentava no século 20

População privilegiará na eleição candidatos com programas voltados para crescimento e emprego

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Os mais jovens talvez não saibam, mas o Brasil foi um fenômeno em matéria de crescimento econômico no século 20. Até os anos 1970, teve a maior taxa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) do mundo.

Depois disso, enfrentou a “década perdida” nos anos 1980. Mesmo assim, figura em destaque quando se analisam os melhores desempenhos entre as nações no século 20 como um todo.

Neste século 21, o crescimento se manteve, mas em níveis muito abaixo das expectativas globais.

Em 2001, o Goldman Sachs, sob o comando do economista Jim O’Neill, produziu o famoso paper denominado “Sonhando com os Brics”, no qual projetou uma vertiginosa expansão dos quatro grandes países emergentes —Brasil, Rússia, China e Índia. Previu que os quatro se tornarão a mais poderosa força econômica do mundo em 2050. Por volta de 2040, segundo o trabalho, o PIB desses países, juntos, já será maior que os dos seis mais desenvolvidos —Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália e Reino Unido.

Corridos 17 anos do século 21, ainda não é possível saber se O’Neill estava certo. É interessante, porém, observar o que ocorreu nas quatro grandes economias emergentes nesse período.

O Brasil, infelizmente, foi o país que mais decepcionou os sonhadores dos Brics. De 2000 a 2017, a economia brasileira cresceu apenas 47%, bem menos que os 81% previstos nas projeções do Goldman Sachs. A Rússia também ficou abaixo do nível projetado, com expansão de 77%, ante a projeção de 108%.

A China e a Índia, entretanto, superaram por larga margem as previsões dos economistas. A primeira cresceu 311%, muito mais que os 202% projetados. E a segunda, 228%, bem além dos sonhados 160%.

Para a Rússia, a frustração no crescimento não foi muito grave, porque sua população diminuiu nos 17 anos do século 21, passando de 146 milhões em 2000 para 143 milhões em 2017. Com isso, sua renda per capita aumentou 80% no período, segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional). No Brasil, entretanto, que teve crescimento populacional de 20% nesses 17 anos, a renda per capita cresceu apenas 23% no período.

Essa numeralha toda pode parecer enfadonha, mas deveria servir de reflexão para quem tem responsabilidade sobre os destinos da economia e da política brasileira.

O Brasil precisa retomar aquela vocação de crescimento que ostentava no século 20, voltada para áreas com potencial comprovado e para as inovadoras. Planos de desenvolvimento e de apoio a novas tecnologias foram totalmente abandonadas. Políticas suicidas de austeridade, que cortam investimentos e preservam gastos correntes, foram adotadas sem receio. 

Ao mesmo tempo, juros exorbitantes poluíram a atmosfera da economia, em vergonhoso e continuado benefício ao setor financeiro e em detrimento da atividade produtiva. A empresa nacional foi abandonada à sua própria sorte, sem crédito civilizado e envolvida em tenebrosa burocracia e elevada tributação.

A sabedoria da população que sofreu nos recentes anos de recessão econômica certamente vai privilegiar nas eleições de outubro candidatos que tenham programas voltados para o crescimento e o emprego.

Nas projeções da Goldman Sachs, o Brasil superaria a Itália em 2025, a França em 2031 e o Reino Unido e a Alemanha em 2036. O sonho dos Brics não acabou.  

      

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