Benjamin Steinbruch

Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, vice-presidente da Fiesp. É formado em administração pela FGV.

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Benjamin Steinbruch

Olho nos candidatos e também nos assessores

É preciso deixar claro quem serão os condutores das políticas dos postulantes à Presidência

Na próxima semana, a partir do dia 16, começa a propaganda eleitoral para os pleitos de 7 de outubro, que vão escolher deputados estaduais e federais, governadores, senadores e o presidente da República. Ficam permitidos comícios, carreatas, distribuição de folhetos impressos e propaganda não paga na internet.

A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV começará em 31 de agosto, 37 dias antes das eleições, e irá até 4 de outubro. Desta vez, haverá 35 dias de programas, em vez dos 45 dias de pleitos anteriores.

Vem aí, portanto, um momento importantíssimo para o país. Vamos direto ao ponto: o que se espera dos candidatos em todos os níveis, principalmente dos que postulam a Presidência, é transparência e honestidade em suas mensagens.

Em 2014, a candidata eleita tinha na campanha um discurso voltado para a promoção do crescimento da economia. A atividade já estava praticamente parada, e a população votou na esperança de que houvesse efetivamente um programa para colocar o país de volta à rota da expansão da economia e do emprego.

Não foi o que ocorreu. A começar pela nomeação do ministro da Fazenda, o governo reeleito mostrou que não seguiria o caminho prometido.

As convicções do ministro nomeado, homem sério e correto, eram muito diferentes daquelas propaladas na campanha. Seu receituário foi unicamente no sentido da contenção de gastos e ajuste fiscal, necessários, mas não suficientes, sem nenhuma atenção para a promessa de busca do crescimento feita na campanha.

O crédito foi contido de forma brusca, os juros foram mantidos em nível elevado nos bancos, e os investimentos públicos, cortados sem nenhum cuidado. A confiança e o consumo desabaram, e a produção caiu. Deu no que deu.

O país entrou em recessão profunda, a maior de sua história, aspecto que certamente pesou na decisão do impeachment de 2016. Milhões de empregos foram destruídos em velocidade nunca vista.

O que aconteceu com a indústria é um retrato fiel do desastre brasileiro. Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a produção de manufaturados brasileiros caiu para apenas 1,98% do total produzido no mundo em 2017. A tendência de perda de participação já vinha desde 1990, quando Brasil e China tinham cerca de 3,5% da produção manufatureira mundial —hoje, a China tem 25%. Nos últimos três anos, porém, a perda se acentuou até chegar ao nível atual, inferior a 2%.

Curiosa e tristemente, tudo isso se deu em um período de expansão da economia mundial pós-crise, não aproveitado pelo Brasil. O PIB global cresceu 2,8% em 2015, 2,4% em 2016, 3,1% em 2017 e deve crescer mais de 3% em 2018. O PIB brasileiro caiu 3,5% em 2015, outra vez 3,5% em 2016 e cresceu apenas 1% em 2017.

Cabe ao eleitor escolher aquela que considera ser a melhor proposta para o país. Mas vamos novamente direto ao ponto: ele não pode ser enganado. Não bastam palavras e textos. Os candidatos precisam deixar claro quem serão os condutores de suas políticas nas várias áreas, especialmente na economia, mas também em saúde, educação, segurança.

Ao examinar opiniões e comportamentos passados desses condutores, fica clara a tendência do governo que virá. Se apoiam o encolhimento do BNDES, se abominam a palavra desenvolvimento, se flertam com a política de juros elevados, se desprezam o incentivo à indústria brasileira, se pregam a desnacionalização do capital, não podem fazer o discurso vazio de apoio ao crescimento econômico. São falsos.

Olho nos candidatos, mas também em seus assessores.

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