Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu

Maia dobra aposta em candidatura e cria obstáculo ao PSDB

DEM enxerga vácuo na centro-direita e decide levar pré-campanha até o limite

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que pode ser pré-candidato ao Palácio do Planalto
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que pode ser pré-candidato ao Palácio do Planalto - Adriano Machado/Reuters

Rodrigo Maia vai dobrar a aposta em sua candidatura ao Palácio do Planalto nesta semana, quando será lançado pelo DEM na convenção nacional da sigla. O ato é visto no mundo político como mera bravata, mas ganhou ares duradouros que passaram a emparedar a vacilante pré-campanha do tucano Geraldo Alckmin.

As dificuldades enfrentadas pelo governador paulista para crescer nas pesquisas abriram uma brecha para que Maia reforçasse o discurso em defesa do lançamento de seu nome em contraposição ao PSDB —a que atribui uma rejeição que impediria a eleição de Alckmin.

O presidente da Câmara patina ainda mais e só chega a 1% dos votos nos levantamentos do Datafolha. Ganha corpo no DEM, entretanto, a estratégia de levar até o limite as articulações por sua candidatura e possivelmente lançá-lo ao Palácio do Planalto, ainda que ele tenda a ser derrotado no primeiro turno.

Os dirigentes do DEM seguem uma lógica de longo prazo. Anos depois de correr risco de extinção, a legenda enxerga no vácuo da centro-direita uma oportunidade única para se posicionar como personagem de destaque em uma eleição e projetar nacionalmente um de seus líderes.

Nas palavras de um cacique, o partido possivelmente seria derrotado nas urnas, mas teria uma vitória política para enfrentar uma nova disputa em 2022 e poderia compor uma aliança com outro nome no segundo turno este ano (certamente Alckmin).

Pode parecer uma peça de ficção, mas Maia está decidido a carregar essa imagem pelos próximos meses —provavelmente até junho. Caso mude de ideia, ainda haverá tempo para rever a tática e fechar um acordo com o PSDB, que tem pressa.

Alckmin quer antecipar um acordo com o DEM para dar corpo a sua candidatura e ceifar dúvidas sobre seu nome. Enquanto Maia corre na mesma raia, cai o preço do tucano no mercado político e aumenta o custo futuro de uma aliança com o DEM.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.