Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Com retomada desigual, mapa eleitoral pode ficar rachado

Desconfiança com economia se mantém no Nordeste e alimenta eleitorado lulista

Os moradores do Nordeste estão mais pessimistas com a economia do que os habitantes do Sudeste. As disparidades entre as regiões na recuperação do emprego e do crescimento mostram que a próxima corrida presidencial pode produzir, mais uma vez, um mapa eleitoral dividido ao meio.

Apesar da reversão em curso da crise dos últimos anos, a retomada da atividade econômica nos estados nordestinos é tímida. Há fechamento de postos de trabalho em algumas capitais, e o aumento da produção ainda oscila. Em outras regiões, é possível observar a sustentação de números mais positivos.

No Nordeste, é maior a proporção de eleitores que acreditam que a inflação e o desemprego vão aumentar daqui por diante, segundo o Datafolha. Além disso, 30% acreditam que a situação econômica do país vai piorar, de maneira geral. Esse mesmo índice é de 23% no Sudeste.

O pessimismo entre os nordestinos revela um quadro inverso ao de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) se preparava para disputar a reeleição. Em meados daquele ano, 30% dos moradores da região também previam uma economia pior. Esse número era maior no Sudeste: 43%.

O atual panorama negativo sobre a economia se destaca entre eleitores do ex-presidente Lula e alimenta uma espécie de saudosismo em relação à bonança dos mandatos do petista —ainda que aquela época tenha sido turbinada pelo cenário internacional. No Datafolha, o ex-presidente chega a 40% das intenções de voto entre os mais pessimistas.

No Nordeste, a popularidade de Lula transcende as desconfianças do eleitorado em relação ao crescimento econômico, mas as desigualdades na sensação de bem-estar devem produzir efeitos importantes na disputa presidencial de 2018.

Candidatos que prometerem o retorno à plataforma petista podem se sair melhor na região. Aqueles que defenderem a manutenção da agenda atual precisarão superar os debates herméticos sobre o déficit previdenciário ou a regra de ouro.

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