Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Eleições 2018

As chances de Bolsonaro na corrida presidencial

Entre eleitorado cativo e espaço limitado, deputado pode chegar ao 2º turno

A um mês do início oficial da campanha presidencial, as pesquisas mostram o seguinte cenário para Jair Bolsonaro (PSL):

1) Seu eleitorado parece consolidado; 2) Embora tenha espaço para crescer, o campo é relativamente estreito; 3) Ainda assim, o núcleo que construiu até agora pode levá-lo ao segundo turno.

O deputado conquistou uma fatia razoável de eleitores nos grupos mais ricos e escolarizados. Nesses segmentos, ele aparece estável nas pesquisas há quase um ano, mas cresceu o número de pessoas que citam espontaneamente seu nome —antes de ver uma lista de candidatos.

Os dados sugerem que Bolsonaro tem um eleitorado cativo, disposto a carregar seu nome durante uma campanha em que outros candidatos terão estrutura partidária forte e mais projeção do que o deputado.

Para o militar reformado, pode ser mais importante sobreviver aos ataques dos rivais e sustentar seu patamar de votos de 20% do que investir na conquista de novos territórios.

Embora enfrente rivais impopulares, a taxa de rejeição de Bolsonaro não é exatamente baixa. Um terço dos brasileiros não votaria no presidenciável do PSL de jeito nenhum.

Sua rejeição é mais alta exatamente nos segmentos que mais o conhecem e mais o apoiam: ricos e escolarizados. Entre os mais pobres, os números indicam que Bolsonaro ainda teria um eleitorado inexplorado. Não será fácil, porém, atrair esse grupo.

A postura antipetista também limita seus movimentos, embora tenha rendido votos até aqui. O eleitorado de baixa renda e indeciso é composto por uma boa fatia de órfãos do ex-presidente Lula. Nas simulações de segundo turno, esse eleitorado se aglomera contra Bolsonaro: no eleitorado mais pobre, ele não passa de 30% das intenções de voto.

Bolsonaro larga de uma posição relativamente confortável. O caminho pela frente é acidentado e ele só tem um fusquinha para atravessar o circuito, mas o combustível acumulado pode ser suficiente para mantê-lo vivo entre os adversários.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.