Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Eleições 2018

Candidatos fazem piruetas eleitorais para fugir de desgaste

Políticos abandonam antigos aliados e buscam novos parceiros para sobreviver

Há um ano, Renan Calheiros (MDB-AL) percebeu que corria risco de derrota em sua campanha à reeleição. Muita gente estranhou quando o senador, que ajudou Michel Temer a subir ao poder, começou a atacar o governo de seu partido.

Renan arrumou briga com o MDB e foi destituído da liderança da sigla pelo colega Romero Jucá. Na ocasião, corria uma brincadeira entre os que questionavam seus motivos: “Se o Renan pular do 10º andar, pode ir atrás, porque embaixo é água”.

Jucá deu um salto ornamental nesta segunda (27). Articulador do “grande acordo” que derrubou Dilma Rousseff, o senador entregou o cargo de líder do governo para tentar conter o desgaste com a crise de imigração venezuelana em Roraima.

O senador disputa a reeleição pelo estado, e a campanha está longe de ser um passeio. Quatro candidatos se acotovelam por duas vagas, e ele aparece em terceiro lugar.

O senador Romero Jucá (MDB-RR) em seu gabinete, em Brasília
O senador Romero Jucá (MDB-RR) em seu gabinete, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

“Entre o cargo de líder, o governo federal e a população de Roraima que me elege, é claro que eu opto pela população”, disse Jucá.

O senador quer o fechamento da fronteira com a Venezuela, mas Temer é contra. Para não perder votos, será obrigado a fingir que não era habitué do gabinete presidencial. Suas razões são práticas: Jair Bolsonaro tem 38% das intenções de voto em Roraima, seguido de Lula, com 21%.

Os mergulhos das eleições deste ano são de nível olímpico. Eunício Oliveira (MDB) mandou fazer adesivos que o apresentam como “o senador do Lula” no Ceará, embora tenha votado pelo impeachment de Dilma.

Candidata ao governo, Roseana Sarney (MDB) já foi apresentada por um aliado como “a Lula do Maranhão”. Fernando Haddad tentou desfazer a confusão: em São Luís, disse aos eleitores que o ex-presidente só apoia Flávio Dino (PC do B).

A medalha de ouro é do senador Ciro Nogueira (PP-PI). Ele costurou o apoio de sua sigla a Geraldo Alckmin (PSDB), mas pede votos para Lula. Se o ex-presidente for barrado, não sabe se vai com Haddad. “Vou fazer pesquisas e ver o que o eleitor quer.”

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.