Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Eleições 2018

PT teme dispersão de eleitores se TSE barrar Lula em agosto

Debate sobre exposição de Haddad simboliza incerteza sobre transferência de votos

Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo e vice de Lula na disputa à Presidência da República, durante entrevista à imprensa na capital paulista
Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo e vice de Lula na disputa à Presidência da República, durante entrevista à imprensa na capital paulista - Nelson Almeida/AFP

A discussão dentro do PT sobre a exposição de Fernando Haddad em atos de campanha simboliza a incerteza do partido sobre como se dará, na prática, a transferência de votos de Lula para seu afilhado político. Os indícios de que a Justiça Eleitoral pode acelerar a decisão sobre a candidatura do ex-presidente devem provocar uma mudança significativa nos planos petistas.

Originalmente, advogados da sigla planejavam usar prazos legais e recursos para esticar o processo em que o TSE decidirá se Lula está ou não inelegível. Em um cenário considerado otimista, a sentença sairia só na segunda semana de setembro —o que daria tempo ao partido para levar à TV a imagem do ex-presidente como seu candidato oficial por quase 15 dias.

Ministros do TSE e procuradores, no entanto, emitem sinais de que é possível antecipar para agosto a previsão de julgamento. Nesse caso, Lula já estaria barrado antes do início do horário eleitoral gratuito.

Se este cenário se concretizar, o PT precisará decidir se sabota a abertura do período de propaganda para preservar a versão de um Lula candidato por mais alguns dias ou se finalmente deflagra seu plano B.

A grande dúvida dos petistas é a dimensão do impacto que a substituição causaria em suas bases eleitorais. O ceticismo em relação à candidatura de Lula aumentou, mas cerca de um terço do eleitorado do Nordeste ainda dizia em junho que o ex-presidente será candidato “com certeza”.

O PT acredita que existe um risco de dispersão desse eleitorado no momento em que a saída de Lula da disputa se tornar definitiva. A ala da sigla que propõe que Haddad se “esconda” por enquanto entende que os simpatizantes do ex-presidente podem ficar confusos ao ver na disputa uma figura menos conhecida.

Mais de 60% dos eleitores de Lula dizem que votariam no candidato apoiado por ele, mas os petistas sabem que a transferência não é automática. Não será fácil preservar essa influência nos 58 longos dias que nos separam do primeiro turno.

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