Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Eleições 2018

Centro fica espremido e eleitor se alinha em batalha de extremos

Crescimento de Bolsonaro e decolagem de Haddad empurram disputa para os polos

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Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), candidatos à Presidência da República
Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), candidatos à Presidência da República - Rodolfo Buhrer/Reuters; Nelson Almeida/AFP

Aos poucos, o eleitor se acostuma com a barulheira que chega dos extremos. O crescimento contínuo de Jair Bolsonaro (PSL) e a decolagem acelerada de Fernando Haddad (PT) empurram a corrida presidencial cada vez mais para os polos da disputa. Os apelos do tal “centro” político não se propagam no vácuo.

A população que vai às urnas em três semanas começa a tratar com normalidade a batalha entre uma direita notadamente radical e uma esquerda ferida pelo impeachment e pela prisão de Lula. Haddad está longe de ser um extremista, mas até agora sua moderação foi abafada pela animosidade do partido.

A evolução dos números do Datafolha indica que os eleitores toparam se armar para essa guerra. Em junho, diante de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, 34% dos entrevistados diziam votar em branco ou nulo. Agora, o índice é de 17% —ou seja, metade daquele grupo resolveu escolher um lado, alimentando um empate técnico (41% a 40%).

O principal motivo da variação é o fato de que Haddad era pouco conhecido antes de seu lançamento oficial, mas o resultado reforça a impressão de um rápido alinhamento do eleitorado nas bordas da disputa.

Os chefes do establishment político sabiam que os centristas teriam dificuldade em emplacar um discurso de conciliação. Tentaram, de todo jeito, dar uma cara nova a um velho consórcio de partidos, sondando nomes como João Doria e Luciano Huck, e até flertando com o tom mais raivoso de Ciro Gomes (PDT).

Ainda há 21 dias de campanha pela frente, mas o espaço entre os extremos vai ficando apertado. Bolsonaro tem uma taxa altíssima de apoiadores convictos (75% dizem que não mudam de voto), e Haddad tem um lago enorme para pescar (40% dos eleitores de baixa renda ainda não sabem que ele é o candidato de Lula).

Ciro e Geraldo Alckmin (PSDB) só conseguirão avançar na terceira via se pegarem carona no voto útil. Para isso, precisarão convencer o eleitor a voltar no tempo, quando PT e PSL pareciam opções menos aceitáveis.
 

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