Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Ministro fabrica em tempo recorde ameaça de greve na educação

Weintraub escolheu a tática do confronto e adotou idioma da retaliação política

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ao ouvir os planos desvairados de Abraham Weintraub para as universidades, um político calejado perguntou se ele não temia greves e protestos. O ministro respondeu que conhecia o risco de paralisações, mas não deu bola e disse que estava preparado para enfrentá-las.

O governo Jair Bolsonaro serviu um coquetel inflamável a alunos e professores. O novo ministro da Educação adotou como idioma oficial um discurso de retaliação política, fez ameaças à autonomia das instituições e escolheu a tática do confronto para anunciar bloqueios no orçamento da área.

Weintraub transformou em propaganda ideológica aquilo que deveria ser um congelamento de despesas duro, mas relativamente comum. Ao contingenciar 30% da verba não obrigatória, o ministro disse que puniria universidades que promovessem “balbúrdia”.

A pasta levou uma semana para corrigir o disparate. Primeiro, Weintraub estendeu o corte a todas as instituições. Depois, saiu a público com chocolatinhos e sua conhecida expressão de injustiçado para explicar que o congelamento representava só 3,4% do orçamento.

O ministro parece disposto a fermentar uma oposição entre o governo e os campi. Ele cortou bolsas de pesquisa, apresentou a intenção de interferir no financiamento de ciências humanas e indicou que não respeitará a tradição de nomear para reitorias os primeiros colocados das eleições internas das universidades.

Como resposta, professores ameaçam parar e estudantes planejam manifestações. Interessado no embate, o governo deve reagir com uma política de desocupação de prédios públicos e corte de salários.

A autoconfiança costuma trair governantes nessa área. FHC enfrentou duas greves de mais de cem dias ao ignorar reivindicações de professores e atropelar a escolha de reitores. Em 2012, Dilma Rousseff deu de ombros para uma paralisação parcial e corriqueira. O movimento se expandiu para 58 das 59 universidades federais e durou quatro meses.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.