Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Sem interditar ataques a militares, Bolsonaro coroa o olavismo

Auxiliar diz que presidente sempre escolherá o lado dos filhos contra generais

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Jair Bolsonaro escolheu seu uniforme na guerra travada entre militares e o núcleo ideológico do governo. Embora tenha declarado que o conflito era uma “página virada”, o presidente deixou o caminho aberto para as pirraças e ofensas disparadas pelo escritor Olavo de Carvalho contra seus próprios auxiliares.

“O Olavo é dono do seu nariz”, disse Bolsonaro nesta terça (7), depois de ter elogiado o ideólogo num longo tuíte pela manhã. “Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal e estou quieto aqui, ok?”

Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, durante cerimônia de assinatura de decreto relacionado ao transporte de armas
Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, durante cerimônia de assinatura de decreto relacionado ao transporte de armas - Adriano Machado/Reuters

O presidente não move um dedo para defender o ministro que foi chamado de “bosta engomada”, o vice que foi qualificado como “cara idiota” e o ex-comandante do Exército a quem o ex-astrólogo se referiu como “um doente preso a uma cadeira de rodas”. Em vez disso, Bolsonaro sugere que todos eles fiquem quietos.

Os últimos comentários do presidente consagram de vez o olavismo como doutrina principal do governo. Bolsonaro parece interessado em fermentar a plataforma radical e populista que rendeu uma onda de votos na campanha, enquanto relega a moderação e os projetos dos generais ao status de linha auxiliar.

Um assessor do presidente diz que, nessa batalha, quem colocar suas fichas nos militares vai perder a aposta. Embora eles continuem com espaço no governo, Bolsonaro sempre escolherá, no fim das contas, o lado em que estiverem seus filhos —chefes do fã-clube de Olavo.

Tratada como adversária, a tentativa dos generais de tutelar o governo cede cada vez mais espaço para sandices como a decisão oficial de bloquear verba de universidades consideradas hostis ao governo, como fez o ministro da Educação, ou o discurso de que o controle de armas nos transformaria na Venezuela, como fez o chefe da Casa Civil.

Não existe cessar-fogo se apenas um lado para de atirar. Os militares decidirão se reagem aos disparos, se recuam e cedem terreno ou se abandonam o front. Caso permaneçam imóveis, a guerra parece perdida.

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