Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Moro usa inquérito como instrumento para virar o jogo político

Ministro mergulha no pântano e assume protagonismo de um caso que envolve poderosos

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Sergio Moro só poderia ter se antecipado para anunciar a destruição das mensagens obtidas com os hackers presos pela polícia se houvesse, de antemão, um jogo combinado entre investigadores e o juiz do caso. Como um complô dessa natureza seria absolutamente impróprio, o ministro deve ter se confundido.

Após duas décadas na magistratura, Moro conhece a lei o suficiente para saber que, mesmo que a Polícia Federal queira, só o juiz responsável pelo inquérito pode mandar apagar uma prova. Ainda assim, ele ligou para autoridades com celulares supostamente invadidos e avisou que não sobraria nenhum rastro de seus diálogos privados.

Moro foi o ponto de partida das apurações sobre o hackeamento, quando teve seu telefone atacado, mas agora tenta se tornar sujeito ativo das investigações. Como chefe da PF, o ministro abraça o caso como um instrumento particular de poder.

O ex-juiz procurou o presidente da República, o presidente da Câmara e o presidente do Senado para contar que seus telefones haviam sido alvos do grupo. Ligou também para o presidente do STF e disse que ministros tinham sido atacados.

Na condição de hackeado, Moro ofereceu aos poderosos a segurança de que todo o material apreendido seria destruído. Horas depois, a própria PF precisou corrigi-lo. Afirmou que as mensagens seriam preservadas e que só a Justiça poderia "definir o destino do material, sendo a destruição uma das opções".

Moro poderia ter se afastado das investigações da PF, já que era uma das vítimas do grupo. Com os últimos gestos, porém, assumiu protagonismo no caso e acionou, de uma única vez, os principais personagens da República. É bom lembrar que o ministro disputa espaços de poder com algumas dessas figuras.

O ministro mergulhou no pântano da política ao longo do processo que começou com o vazamento das conversas da Lava Jato. Acuado, primeiro ampliou sua dependência de Jair Bolsonaro e buscou proteção no Congresso. Agora, quer virar o jogo.

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