Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro paga qualquer preço para emplacar filho na embaixada

Presidente oferece cargos e põe em risco outras pautas para ajudar Eduardo

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Jair Bolsonaro sempre soube que o currículo do filho não era suficiente para o posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior. Tentou fazer piada, chamou Eduardo de "fritador de hambúrguer" e, principalmente, limpou uma planilha de cargos vultosos no governo para entregar aos parlamentares dispostos a apoiá-lo.

O nome do terceiro filho do presidente começou a circular há quase 40 dias como futuro embaixador do Brasil em Washington. Recebeu o aval do governo americano, mas ainda não foi enviado ao Senado para aprovação. O longo processo e as críticas públicas revelam o custo político alto da escolha —um custo que Bolsonaro está disposto a pagar.

O presidente queima a influência política do governo para emplacar Eduardo. Quando fala em desistir, ignora o óbvio entrave moral de enfiar um filho numa função pública de peso e parece só estar preocupado com o bem-estar da prole.

"Tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Tudo pode acontecer", afirmou.

O governo trabalha como se o fator família não fosse problema. "Se não for meu filho, vai ser o filho de alguém, porra", disse o presidente, desiludindo quem torcia para que o embaixador fosse um ser nascido a partir de geração espontânea.

Para cumprir a missão, Bolsonaro mergulhou de cabeça no jogo que adora criticar. No início do mandato, ele engrossou a voz para acusar o Congresso de achacar o governo em troca de cargos. Agora, ordenou que seus auxiliares façam de tudo para agradar aos senadores.

Muitos parlamentares, mesmo assim, não conseguem engolir a indicação. Eduardo ainda tem chances de ser aprovado nas próximas semanas, mas a votação não deve ser um passeio, mesmo tendo a seu favor uma máquina oficial operando a mil.

A insistência é o sinal de que o presidente não se importa em degradar o governo e pôr em risco outras votações importantes, só para confirmar uma escolha injustificável.

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