Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Economia vacilante infla aborrecimento da população com governo

Recuperação leva tempo, mas Bolsonaro deve prestar mais atenção no desânimo das ruas

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O governo não vai demorar a perceber que planilhas mexem pouco com os humores fora dos gabinetes. Jair Bolsonaro cobrou paciência e reclamou de má vontade da imprensa ao comentar os números que mostraram que o país escapou de mais uma recessão. O presidente deveria olhar pela janela do Planalto com mais frequência.

Bolsonaro tem razão ao dizer que a recuperação do PIB é um movimento que leva tempo, "igual a um transatlântico". A economia vacilante e o desemprego resistente, no entanto, cobram um preço político até de mandatários iniciantes.

A popularidade em queda do presidente reflete seus despautérios em série, mas é especialmente sensível às percepções do povo sobre o próprio bolso. Ainda que anos recentes tenham terminado em ruína absoluta, só 24% dos brasileiros acham que a economia está melhor agora do que em governos anteriores.

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto - Evaristo Sá/AFP

A pesquisa CNT/MDA de agosto marca esse aborrecimento da população. Para 45% dos entrevistados, a situação econômica é igual à dos últimos anos, e 28% dizem que é pior.

É evidente que o governo respira aliviado com o PIB no azul, mas precisa estar atento aos sinais crescentes de desânimo. Quase todo mundo já percebeu que não há fôlego para uma virada neste ano. Entre os entrevistados, 23% acham que o tempo bom vem em 2020. Outros 24% esperam números melhores em 2021, e 29% são pessimistas irrecuperáveis.

A lentidão na recuperação da economia começa a ficar presente no dia a dia das pessoas --e não por culpa das manchetes de jornais. Quando Bolsonaro completou um mês de governo, 24% dos brasileiros diziam que o desemprego era seu maior desafio. Agora, esse índice é de 44%.

O presidente disse que ainda espera um crescimento leve nos próximos meses. "Quem diz são os economistas, não sou eu, porque eu não entendo nada de economia", ressaltou. Bolsonaro entregou a carta náutica à sua equipe, mas o capitão do transatlântico é ele. Se a tormenta piorar, não poderá abandonar o navio.

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