Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Operação da PF reflete contradição na geringonça política de Bolsonaro

Símbolo da política tradicional, líder é peça importante para levar Eduardo aos EUA

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A operação da Polícia Federal contra o líder do governo no Senado evidencia um conflito existencial da geringonça política de Jair Bolsonaro. O presidente jamais recuou em definitivo de seus ataques às velhas práticas do Congresso, mas recorre sem corar a alianças de conveniência para conseguir o que quer.

O veterano Fernando Bezerra Coelho (MDB), alvo da operação desta quinta (19), é uma peça-chave do governo na reforma da Previdência e, principalmente, no esforço para aprovar o nome do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) para a embaixada do Brasil em Washington.

O líder do governo foi ministro de Dilma Rousseff e aliado de Michel Temer. Foi escolhido pelo novo presidente para a missão não a despeito de sua conexão com a política tradicional, mas graças a esse vínculo. Bolsonaro reconheceu Bezerra como uma ferramenta útil para driblar a falta de habilidade de parlamentares mais alinhados a sua agenda, porém completamente inexperientes. 

Desde que o presidente anunciou a intenção de enviar o filho aos EUA, oferecendo pagar qualquer preço aos políticos responsáveis por sua aprovação, o líder passou a ser um dos despachantes dessa tarefa. Em parceria com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), Bezerra coleta pedidos de cargos e emendas dos parlamentares para destravá-los em reuniões com o governo.

A devassa no gabinete do líder numa investigação sobre irregularidades em obras da gestão Dilma é um daqueles episódios que podem parecer corriqueiros na agenda policial, mas produzem efeitos políticos. Bolsonaro terá que decidir se joga para a plateia e se livra de Bezerra, ou se acolhe um personagem que, até aqui, atendeu a seus interesses.

Não há, por ora, uma acusação definitiva contra o senador nessa operação, o que abre brechas para que o presidente aguarde seus desdobramentos –assim como faz com o laranjal do PSL e o ministro do Turismo. Bolsonaro já deu sinais de que também consegue ver vantagens nas contradições da política tradicional.

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