Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Procuradoria aparelhada pode encontrar resistências no Supremo

Celso defende independência da PGR, enquanto Aras monta time alinhado a Bolsonaro

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No mesmo dia em que o decano do STF alertou que o Ministério Público não deve servir a governos ou ideologias, o futuro chefe do órgão mostrou que pretende fazer exatamente o contrário. Augusto Aras ainda não foi aprovado para o cargo de procurador-geral, mas já começou a trabalhar pelo bolsonarismo.

Os primeiros movimentos do escolhido para o posto demonstram um empenho claro em aparelhar o comando da PGR. Em busca de integrantes para sua equipe, Aras se reuniu com procuradores que apoiam fervorosamente Jair Bolsonaro e demonstram alinhamento com suas teses mais radicais.

Um desses nomes é Guilherme Schelb, crítico da corrente inexistente batizada pelos ultraconservadores de "ideologia de gênero" e padroeiro do Escola sem Partido, que estimula a patrulha de professores.

A afinidade entre o procurador e o governo é tão grande que, no início do ano, ele quase foi escolhido para o Ministério da Educação --cargo que, depois, ficou com dois discípulos do polemista Olavo de Carvalho.
Se indicar Schelb para sua equipe, Aras levará de carona um espantalho ideológico que pode interditar parte da defesa dos direitos individuais, uma das missões do órgão.

O escolhido para a PGR também se reuniu com Ailton Benedito e Eitel Santiago, segundo o jornal O Globo. O primeiro é um notório apoiador de Bolsonaro. O segundo foi elogiado por Aras por ter feito "um dos discursos mais inflamados contra o atentado que sofreu o presidente".

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O ministro do STF Celso de Mello - Pedro Ladeira - 25.jun.2019/Folhapress

A afinação política foi ouvida no Supremo. Na sessão de despedida de Raquel Dodge, que não era muito popular na corte, o ministro Celso de Mello disse que o Ministério Público não se deve curvar "aos desígnios do poder político, econômico, corporativo ou ainda religioso".

Nesse sentido, Aras parece ser um caso perdido, mas o recado foi direcionado aos procuradores de instâncias inferiores. Se as palavras do decano forem seguidas pelos outros ministros, a cúpula da PGR deve encontrar alguma resistência no tribunal.

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