Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro faz lances ostensivos para driblar os limites do poder

Intimidar Congresso para aprovar medidas integra o terreno do autoritarismo

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Um governante que passa o mandato fomentando conflitos com outras instituições não está simplesmente inconformado com as adversidades da política. Os movimentos de Jair Bolsonaro nesse sentido são lances cada vez mais ostensivos para driblar controles democráticos e tentar expandir seus poderes.

Em mensagens disparadas para aliados desde o fim de semana, o presidente endossou, na prática, os protestos contra o Congresso e o STF marcados para o próximo dia 15. Manifestações contra esses órgãos fazem parte do jogo. Avalizadas pelo chefe do Executivo, porém, elas se tornam ferramentas de intimidação.

Bolsonaro jamais escondeu que gostaria de arrasar a estrutura institucional que limita seu poder e fiscaliza sua atuação. Um protesto não é suficiente para romper essas amarras, mas contribui com seu esforço para reduzir a legitimidade das decisões do Legislativo e do Judiciário.

O Congresso e o STF funcionam segundo as regras que Bolsonaro aceitou seguir desde o início de sua longa carreira política. Agora na Presidência, ele finge surpresa com a democracia e percebe que suas vontades nem sempre serão atendidas.

A divisão de Poderes existe para permitir que abusos cometidos de um lado da praça sejam corrigidos de outro —ainda que pareçam respaldados por algum apoio popular. Como Bolsonaro está mais propenso a cometê-los do que a corrigi-los, seu desejo é apagar essas limitações.

Numa reação forte, Celso de Mello lembrou que o presidente pode muito, “mas não pode tudo”. Para o decano do STF, Bolsonaro “desconhece o valor da ordem constitucional” e exibe um “ominoso desapreço” pelo princípio democrático.

As manifestações insufladas pelo governo supõem que a força de Bolsonaro se sobrepõe ao poder de um Parlamento eleito na mesma votação que o lançou ao Planalto. O presidente pode até se indignar quando congressistas frustram seus planos. Se decide emparedá-los para que virem meros carimbadores, chega-se ao terreno do autoritarismo.

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