Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro tenta atropelar governadores e incentiva repressão a protestos

Aceno do presidente a policiais pode gerar um novo conflito com políticos estaduais

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Jair Bolsonaro lançou as bases para um novo conflito com governadores. Depois de sabotar medidas de isolamento contra o coronavírus para satisfazer seu projeto de poder, o presidente agora mira as polícias estaduais e as ações desses agentes durante os protestos que acontecem em algumas capitais.

Nos últimos dias, Bolsonaro fez acenos às forças de segurança comandadas pelos governos locais. Estimulou a repressão a manifestantes e disse esperar que policiais militares “façam seu devido trabalho se porventura esses marginais extrapolarem os limites da lei”.

Com essa sinalização, o presidente atropela a autoridade de governadores e tenta reforçar ainda mais seus laços com essas corporações, onde a simpatia pelo nome de Bolsonaro vem de seus tempos como deputado. De quebra, ele aposta em potenciais confrontos nas ruas para alimentar sua propaganda contra os protestos organizados por seus opositores.

Sem surpresas, Bolsonaro replica um item da cartilha de Donald Trump diante das manifestações contra o racismo nos EUA. Numa videoconferência com governadores, o presidente americano incentivou uma reação agressiva das polícias locais a esses atos. “Se vocês não dominarem, eles vão passar por cima de vocês, e vocês vão parecer um bando de babacas”, declamou.

No caso brasileiro, as provocações de Bolsonaro metem os governadores numa cilada. Em caso de repressão violenta, eles serão responsabilizados pela brutalidade. Se deixarem de responder a algum tumulto, serão alvo de insatisfação nas polícias e se tornarão peças de exploração política por parte do presidente.

Além de intimidar adversários, a retórica de Bolsonaro tende a inflamar o ânimo de forças que estão fora do alcance de seu poder, já que as PMs obedecem às ordens dos governadores. Se os agentes decidirem escutar as recomendações do Palácio do Planalto, a insubordinação se instala e o presidente ganha uma tropa de choque política nos estados. Ele parece contar com isso.

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