Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Bolsonaro se lança como exemplo vivo de campanha de negação da pandemia

Presidente transforma diagnóstico de coronavírus em espetáculo político

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quando recebeu o diagnóstico positivo para Covid-19, em março, o premiê britânico Boris Johnson disse que, mesmo isolado, continuaria liderando o combate à pandemia. Agradeceu aos profissionais de saúde e elogiou o “grande esforço nacional” para proteger a população. “Vamos vencer e vamos vencer juntos”, disse o primeiro-ministro.

Pouco mais de cem dias depois, Jair Bolsonaro avisou que também foi infectado pelo vírus. O presidente convocou uma entrevista e mal mencionou os esforços para conter a doença, que já matou quase 70 mil pessoas no país. Ao iniciar seu processo de recuperação, ele transformou o anúncio num espetáculo político.

Em 30 minutos, Bolsonaro celebrou o fato de o Ministério da Saúde estar nas mãos de um interino há quase dois meses. Voltou a criticar medidas recomendadas por autoridades da área, fez propaganda de um remédio sem eficácia comprovada e se recusou mais uma vez a reconhecer a gravidade da pandemia.

Jair Bolsonaro anuncia em entrevista que contraiu o novo coronavírus - Reprodução (TV Brasil/AFP)

O presidente se lançou como exemplo vivo de sua longa campanha de negação sobre os riscos do vírus. Disse que só teve sintomas leves, “como a maioria da população brasileira”, e que passou a se sentir “perfeitamente bem” após tomar uma segunda dose de cloroquina. A experiência pessoal tende a reforçar o discurso oficial entre seus apoiadores.

Bolsonaro ainda deu uma cartada política ao dizer que acreditava ter sido infectado antes, devido ao que chamou de uma “atividade dinâmica perante a população”. “Tendo em vista esse meu contato com o povo bastante intenso nos últimos meses, eu achava até que já tivesse contraído e não percebido”, declarou.

No dia em que se somou a 1,6 milhão de brasileiros com diagnóstico positivo, Bolsonaro repetiu que “houve um superdimensionamento” da pandemia. Para minimizar a doença, ele acrescentou que o vírus mataria principalmente idosos e pessoas com outras doenças. “Todo mundo sabia disso”, afirmou o presidente que, em março, previa menos de 800 vítimas na pandemia.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.